A ministra da Coesão Territorial disse esta terça-feira que o fecho da central a carvão no Pego fez baixar em 70% as emissões de CO2 em Abrantes, tendo destacado uma Transição Junta compensatória da perda de 420 postos de trabalho.

Desde que a central termoelétrica a carvão do Pego foi encerrada, em 2021, as emissões de CO2 [dióxido de carbono] do setor da energia do concelho de Abrantes diminuíram mais de 70%, o que não pode ser senão uma ótima notícia”, afirmou Ana Abrunhosa.

Por outro lado, indicou que se perderam “420 postos de trabalho diretos e indiretos, houve efeitos negativos na cadeia de valor e um impacto significativo nas atividades económicas locais que gravitavam à volta da central”.

A governante, que participou na conferência “Explorar a diversificação económica e as oportunidades de investimento no Médio Tejo”, em Abrantes (Santarém), com uma mensagem gravada, assegurou que o Plano Territorial para uma Transição Justa do Médio Tejo, incluído no Programa Regional do Centro, “vem responder a estes impactos e tem 65 milhões de euros ao serviço desta missão”.

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O objetivo, segundo Ana Abrunhosa, é que sejam investidos de forma a que a região “tire o melhor proveito possível da transformação em curso” e, se possível, alicerce o seu desenvolvimento em “atividades económicas sustentáveis e rentáveis” e “sem deixar nenhuma das pessoas que perderam o seu trabalho para trás”.

Também presente na conferência, o presidente da Câmara de Abrantes indicou como positivos os vários instrumentos em curso no concelho e no Médio Tejo no âmbito do Fundo de Transição Justa (FTJ), desde a formação profissional, à proteção social dos trabalhadores, criação de uma Zona Livre Tecnológica e a abertura de dois avisos de apoio financeiro, um para PME’s e um outro dedicado a grandes empresas.

Contudo, notou que, quase dois anos depois, ainda não há contratos assinados para financiamento a empresas.

Segundo Manuel Jorge Valamatos (PS), o 1º aviso do FTJ foi lançado há dois anos, “22 meses para ser preciso, a 30 de novembro de 2021, e hoje ainda não há contratos assinados” para financiamentos. “O tempo dos empresários é outro e temos todos de estar despertos para essa questão sob pena de deixarmos fugir, ou mesmo cair, investimentos importantes para a nossa região”, alertou.

Frisando que o fecho da central a carvão no Pego “deixou marcas profundas”, o autarca defendeu que o FTJ “é absolutamente determinante para mitigar os efeitos desta decisão”.

Em Portugal, e no âmbito do PT2030, estabeleceram-se três Planos Territoriais de Transição Justa nos territórios que viram encerrar instalações industriais: na zona da refinaria de Matosinhos, no Norte, na área da central termoelétrica a carvão do Pego, em Abrantes, na região Centro, e em Sines, no Alentejo.

Por seu lado, a ministra disse que, no caso do Médio Tejo, “a prioridade é apoiar os trabalhadores afetados pelo encerramento da central, através de ações de qualificação e requalificação e de apoio a projetos de empreendedorismo de base local”.

Além disso, o Governo pretende ainda diversificar a atividade económica do território, através de projetos de investimento produtivo, reforçar a capacitação empresarial para o desenvolvimento de bens e serviços e promover a transferência de tecnologia e projetos de I&D [Investigação e Desenvolvimento].

“O Fundo de Transição Justa serve, sobretudo, para financiar intervenções que visam reduzir o impacto económico e social da transição climática, apoiando a diversificação e modernização da economia local e atenuando as repercussões negativas sobre o emprego”, esclareceu a ministra da Coesão Territorial, numa declaração gravada e, como tal, sem espaço a perguntas.

A conferência “Explorar a diversificação económica e as oportunidades de investimento no Médio Tejo” decorre esta terça e quarta-feira na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, no contexto da mobilização do Fundo para uma Transição Justa pelo Programa Regional Centro 2030, disponível para o território do Médio Tejo, na sequência do encerramento da Central termoelétrica a carvão do Pego.

O objetivo, segundo a organização, é “identificar oportunidades de investimento e reunir contributos e ideias para apoiar o desenvolvimento de projetos sustentáveis” no Médio Tejo”, focando três áreas em particular: “a economia circular no setor agroalimentar, a valorização da biomassa no setor florestal, e a cadeia de valor do hidrogénio”.