796kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Das trincheiras da guerra ao cinema e às passerelles: a história do trench coat e 30 peças para usar já

Este artigo tem mais de 6 meses

O trench coat nasceu de experiências em tecidos, ganhou forma na guerra e elegância no cinema. A utilidade tornou-o uma peça de vestuário imprescindível e a moda dá-nos novos motivos para o usarmos.

30 fotos

O trench coat (por cá habituámo-nos a chamá-lo de gabardine, mas é este o seu nome original) é um casaco de guerra, literalmente. As trincheiras tornaram-no útil e o cinema tornou-o carismático. Depois Beyoncé aterrou num palco para uma performance histórica da música “Ring the Alarm” vestida com um, Priyanka Chopra apareceu numa Met Gala com uma versão longa e em modo vestido e ambas deram ao trench coat dois palcos que lhe faltavam para ser oficialmente uma peça para qualquer ocasião. E até a realeza deu o seu selo de aprovação. Agora que as primeiras chuvas de outono nos fazem ir buscar o trench coat ao armário, relembramos a sua história e reunimos algumas sugestões desta estação.

As revistas de moda e os entendidos na arte do guarda-roupa colocam esta peça entre os “básicos”, “clássicos” e “essenciais” que todas as pessoas deveriam ter em casa. E o trench coat é tão unânime que é igualmente obrigatório para mulheres e homens. Mas, afinal, a que se deve o sucesso? Segundo o Telegraph, é um clássico de estilo porque foi criado com um sentido prático. Depois a moda enriqueceu-o com uma boa dose de criatividade. Para o perceber teremos de ir às suas origens.

Priyanka Chopra na Met Gala, em 2017 com um vestido trench coat criado por Ralph Lauren

Um pouco de história com inovação

A história do trench coat não se conta sem três nomes: Macintosh, Aquascutum e o bem conhecido Burberry — cada um deles deu um empurrão à história do trench coat e reclama os créditos. As origens do trench coat estarão no atelier de Charles Macintosh. O químico e inventor escocês criou o tecido à prova de água e patenteou o produto em 1823. Thomas Hancock, o inventor britânico que foi o fundador da indústria da borracha no seu país na década de 1820, juntou-se a ele e desta parceria saiu o casaco à prova de água. O tal casaco ficou conhecido como “Mac”, em homenagem ao criador e era feito de algodão com efeito de borracha, com o objetivo de ser usado como casaco exterior por senhores bem vestidos que se dedicassem a atividades ao ar livre como andar a cavalo, caçar ou pescar e também ao serviço militar, explica a Vogue.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em 1853 foi a vez de John Emary, um alfaiate da zona londrina de Mayfair, criar um tecido impermeável ao qual deu o nome da sua marca, a Aquascutum, um nome apropriado que mistura as palavras “escudo” e “água”. Thomas Burberry viria fundar a etiqueta com o seu nome em 1856 e ainda hoje o trench coat se mantém a sua imagem de marca. O jovem Burberry desenvolveu uma técnica que consistia em impermeabilizar os fios que se cruzam para compôr o tecido e não o tecido final e assim nasceu o seu tecido “gabardine” em 1879 que era, à época, o mais respirável entre as opções impermeáveis que existiam e tornou-se bastante popular entre os cavalheiros mais aventureiros.

GettyImages-1052224280

Se o trench coat tem origens britânicas, quem melhor do que a realeza para ser embaixadora. Kate Middleton com um trench coat Burberry na Irlanda do Norte, em 2011, antes do seu casamento com o príncipe William. Meghan com um trench coat Martin Grant em visita à Austrália, em 2018

Todas as três marcas continuam a vender os respetivos casacos. A Macintosh explica no seu site que as peças continuam, aliás, a ser feitas por artesãos, seguindo a tradição do século XIX: o ponto de partida é o tecido, que consiste em “duas camadas de algodão unidas por borracha que é tingida para condizer perfeitamente com as camadas exteriores para que não haja transparência”. Cortados os moldes, as partes são “cosidas, unidas e seladas usando um tipo de cola especial que é aplicada com o dedo”. Assim as costuras também ficam à prova de água, contudo, no fim ainda são sobrepostas por uma fita aplicada à mão.

As técnicas levam a que a produção seja limitada, contudo isso não impediu a marca de já se ter aventurado em parcerias com nomes da moda como Margiela, Céline, Balenciaga, Vêtements ou Louis Vuitton. Um trench coat Macintosh vai dos 429 euros (para homem) ou dos 526 euros (para mulher, mas trata-se de uma promoção) aos 1395 euros (em ambos os casos), com cores e modelos. A Aquascutum apenas tem um modelo de trench coat masculino e um preço único, 389 euros, embora ofereça algumas opções de cor.

Na Burberry, o trench coat ganhou estatuto de peça assinatura e durante o reinado de Christopher Bailey foi reinventado e conquistou novos públicos. O designer inglês esteve na marca entre 2001 e 2018, onde foi assumindo diferentes cargos, desde diretor de design até CEO. Mas na memória do público ficarão certamente os trench coats em renda e com efeito de mangas de balão traçadas. Para a campanha de Natal de 2016, a marca usou um mini filme cheio de estrelas no qual conta a história do fundador, Thomas Burberry, e das suas criações. Atualmente, uma peça destas pode ir dos 1250 euros aos 5500 euros numa versão em couro negro (para mulher). Para homem os preços começam nos 1790 euros e vão até aos 31590 euros.

E afinal de onde vem o nome?

Tanto a Aquascutum como a Burberry fizeram trench coats para as tropas britânicas usarem na 1ª Guerra Mundial (1914-18) e ajudaram a popularizar uma peça que já existia, adaptando-a para fins militares. O nome da peça data desta altura, quando os oficiais na frente de batalha usavam este casaco que ficou conhecido como “trench coat” (casaco de trincheiras). A primeira vez que  a expressão foi impressa foi em 1916 num jornal de alfaiataria e nesta altura usava-se a cor caqui, para efeito de camuflagem, conta a Vogue.

O casaco começou por ser uma peça usada pelos oficiais superiores. Era comprado pelos próprios, e acabou por também funcionar como distinção de classes, até no contexto das tropas. Acrescentou ainda uma camada de estilo ao uniforme e ajudava a tornar os oficiais em cavalheiros. O trench coat era trespassado, ajustado na cintura, com bainha abaixo do joelho e um cinto com anéis para pendurar acessórios. A estrutura da peça estava, realmente, feita para proteger da chuva, com uma espécie de capa sobre as costas e os ombros que permitia escorrer a água e ventilar. A funcionalidade desta peça de vestuário também está em evidência nos punhos, que podiam ser apertados, no colarinho, com botões que podiam ser fechados para proteger de gás venenoso, e alguns destes casacos contavam com um forro que podia ser usado para dormir, explica a Vogue.

GettyImages-3305414 GettyImages-517423962

Winston Churchill, à direita, em 1916. Uma publicidade aos casacos Burberry, em 1918

Getty Images

Estes casacos eram caros, mas rapidamente começaram a surgir opções em versões mais baratas e a peça também começou a ser usada pelo público em geral. Segundo um artigo publicado no blog do museu Victoria & Albert, foi depois da I Guerra Mundial que a tendência dos trench coats se difundiu, quando os soldados regressaram da guerra às suas cidades e vilas.

O cinema e a moda fizeram a sua magia

Na II Guerra Mundial, o trench coat terá continuado a ser usado pelas altas patentes, mas no conflito de 1939-45 a estrela de moda que nasceu foi o blusão e havia uma preferência por casacos mais curtos. O trench coat não terá levado a mal ser trocado, porque também ele tinha encontrado um novo território: o cinema. Na década de 1940 a peça de vestuário chegou aos guarda-roupas de Hollywood e tornou-se ela própria estrela de cinema.

Foi através dos filmes que se tornou o uniforme por excelência de detetives, espiões, gangsters e jornalistas — o detetive Columbo e o Inspector Clouseau são testemunhas deste facto. Do lado masculino, também James Bond deu a sua aprovação a esta peça e os dois protagonistas de Blade Runner (Harrison Ford em 1982 e Ryan Gosling em 2017) mostram que a “pinta” do casaco não se rende a tendências. Mas nenhum destronará a icónica personagem de Humphrey Bogart no final de Casablanca.

GettyImages-1262753434

Audrey Hepburn e George Peppard em "Breakfast at Tiffany's" (1961). Humphrey Bogart em "Casablanca" (1942)

FilmPublicityArchive/United Arch

O trench coat também conquistou as divas. Audrey Hepburn em “Breakfast at Tiffany’s”, Marlene Dietrich, Katherine Hepburn, Brigitte Bardot, a eterna Marilyn Monroe, Sophia Loren e Catherine Deneuve a provarem que a tendência também chegou à Europa e até Greta Garbo em “A woman of affairs” já em 1928. E, tal como na vida real, o trench coat continua a fazer parte dos guarda-roupa dos filmes até à atualidade.

Do cinema para a moda foi um pequeno salto de uma peça com uma grande história. Nas passerelles passou a ser uma presença assídua em todas as estações. É o candidato perfeito a clássico, com capacidade para se adaptar a cores, cortes e materiais sem nunca perder a sua funcionalidade. Porque, afinal, foi isso que tornou o trench coat famoso.

Inspire-se em alguns modelos com o shopping da fotogaleria em cima.

Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Vivemos tempos interessantes e importantes

Se 1% dos nossos leitores assinasse o Observador, conseguiríamos aumentar ainda mais o nosso investimento no escrutínio dos poderes públicos e na capacidade de explicarmos todas as crises – as nacionais e as internacionais. Hoje como nunca é essencial apoiar o jornalismo independente para estar bem informado. Torne-se assinante a partir de 0,18€/ dia.

Ver planos