O ministro dos Negócios Estrangeiros disse esta segunda-feira que Portugal apoia o apelo da União Europeia (UE), que deverá ser endossado pelos líderes europeus, para uma pausa humanitária na Faixa de Gaza, embora preferisse um pedido de cessar-fogo humanitário.

Nós preferíamos um cessar-fogo humanitário, mas evidentemente, quando se trabalha a 27 [Estados-membros], naturalmente há sempre concessões por parte de todos, nunca há uma formulação em que um país seja 100% satisfeito […], mas nós ficamos muito satisfeitos em que possa haver um entendimento da União Europeia sobre um tema tão importante, tão candente, tão imediato e que afirma o interesse e a vontade da UE ser um ator coerente nesta importante crise internacional”, declarou João Gomes Cravinho.

Falando à imprensa portuguesa no final de uma reunião dos chefes da diplomacia da UE, no Luxemburgo, o ministro português assinalou que no encontro desta segunda-feira “se falou na importância de haver uma pausa humanitária para que a ajuda possa chegar à população de Gaza”.

Quando questionado sobre eventuais posições divergentes entre os 27, João Gomes Cravinho reforçou que “há uma distinção entre cessar-fogo e a pausa humanitária, sendo o cessar-fogo algo que é mais consolidado juridicamente”. “Em relação ao tema da pausa humanitária, eu creio que há um consenso em torno em torno da mesa”, adiantou.

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Ainda assim, de acordo com João Gomes Cravinho, esse apelo não saiu da reunião desta segunda-feira, devendo antes ser feito pelos líderes europeus na cimeira de final desta semana em Bruxelas.

Esta semana ainda haverá o Conselho Europeu, portanto, ao nível de chefes de Estado e de Governo. A nossa expectativa é que dessa reunião possa sair esse apelo”, apontou.

O governante garantiu que “não houve divergência sobre essa matéria”, considerando antes que “cabe ao Conselho Europeu chegar a essa conclusão”.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reuniram-se esta segunda-feira no Luxemburgo para fazer uma avaliação do apoio prestado à Ucrânia e discutir desafios do atual panorama geopolítico, com a tensão no Médio Oriente a dominar a agenda.

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A reunião aconteceu depois de, em 7 de outubro, o grupo islamita do Hamas ter lançado um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns e mais de 1.400 mortos, sobretudo civis.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.