As homenagens começaram ainda no sábado, quando o Manchester United visitou o Sheffield United. O mundo curvou-se perante a memória de Bobby Charlton nos últimos dias, entre as recordações do Mundial de 1966, as conquistas com os red devils e o trágico desastre aéreo em Munique a que sobreviveu mas que o marcou para o resto da vida. O mundo, porém, ainda esperava pelo derradeiro memorial daquele que é considerado o melhor jogador britânico de sempre: o momento em que o Manchester United voltava a Old Trafford.

Esta terça-feira, na receção ao Copenhaga e na fase de grupos de uma Liga dos Campeões que conquistou nos anos 60 quando esta ainda tinha outro nome, Bobby Charlton foi recordado no estádio onde concretizou os sonhos de milhares. Antes do apito inicial, Erik ten Hag surgiu no relvado com uma coroa de flores e acompanhado por um músico com uma gaita de foles, o antigo guarda-redes Alex Stepney e ainda Daniel Gore, o capitão dos Sub-20 do clube. As flores ficaram no centro do terreno e seguiu-se um minuto de silêncio que só foi interrompido pela frase “there’s only one Bobby Charlton”, só há um Bobby Charlton, entoada pelas bancadas de Old Trafford.

“Queremos ganhar para homenagear Sir Bobby Charlton. Era uma lenda, um gigante. Não só para o Manchester United, mas também para todo o futebol. O legado que deixou é gigantesco, aquilo que ele fez tornou-se um padrão. O padrão elevado que temos de cumprir todos os dias. Os nossos pensamentos estão com a família, com a mulher, com os filhos e com os netos. Significava muito para o Manchester United, tinha uma grande importância”, tinha explicado o treinador neerlandês na antevisão da partida.

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Assim, contra o Copenhaga e depois das derrotas com o Bayern Munique e o Galatasaray, o Manchester United estava praticamente obrigado a vencer para se manter teoricamente nas contas do apuramento para os oitavos de final. Ten Hag lançava Antony, Bruno Fernandes e Rashford nas costas de Rasmus Højlund, deixando Mason Mount, Martial e Eriksen no banco, e Diogo Gonçalves era titular nos dinamarqueses. Enquanto suplente da equipa de Jacob Neestrup, que surgia em Old Trafford após uma derrota contra os alemães e um empate contra os turcos, estava também Oscar Højlund, o irmão mais novo do avançado dos red devils.

Numa primeira parte que terminou sem golos, o Copenhaga foi a primeira equipa a criar perigo através de um remate de Diogo Gonçalves que acertou em cheio no poste da baliza de André Onana (5′). O Manchester United demorou a encontrar-se, até porque os dinamarqueses apareciam em Old Trafford muito concentrados e com uma organização defensiva assinalável, e não conseguiu melhor do que um cabeceamento de McTominay que passou por cima da trave (35′).

Ten Hag mexeu logo ao intervalo, trocando Amrabat por Eriksen, mas a lógica manteve-se e o Copenhaga voltou a ficar muito perto de abrir o marcador, com Lukas Lerager a obrigar Onana a uma grande defesa com um pontapé de fora de área (50′). Os red devils reagiram, com Højlund a ter uma boa oportunidade (52′) e Eriksen a ver o guarda-redes Grabara roubar-lhe o golo (54′), e acabaram por conseguir finalmente abrir o marcador já dentro dos últimos 20 minutos.

Na sequência de um canto e aproveitando o facto de ainda estar adiantado no terreno, Harry Maguire surgiu ao segundo poste a responder a um cruzamento de Eriksen na direita e cabeceou para marcar (72′), tornando-se o herói de um clube onde tantas vezes tem sido um verdadeiro vilão. O jogo arrastou-se até aos instantes finais, com o Manchester United a desperdiçar várias situações de perigo e a chegar aos descontos a correr o risco de sofrer o empate. E esse risco não poderia ter sido mais dramático.

Aos 90+5′, o árbitro da partida assinalou falta de McTominay sobre Elyounoussi no interior da grande área dos ingleses. Na conversão da grande penalidade, porém, André Onana assumiu o papel de fator decisivo e parou o remate de Jordan Larsson (90+7′) no últiom segundo do jogo, garantindo a vitória do Manchester United e a continuidade dos red devils na corrida pelo apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões. Sir Bobby, esteja onde estiver, estará orgulhoso.