Ana Mendes Godinho foi ouvida no Parlamento a propósito da proposta do orçamento da segurança social para 2024, que acompanha a proposta de Orçamento do Estado. Mas logo na primeira ronda de perguntas a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) foi um dos temas que chegou à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Pela voz de Nuno Carvalho, do PSD, e, mais tarde, retomado pelo deputado André Ventura, do Chega.

Nuno Carvalho confrontou Ana Mendes Godinho com as declarações do ex-provedor da Santa Casa, Edmundo Martinho, que garantiu que os investimentos internacionais tiveram a luz verde da tutela. O deputado social-democrata lamentou que o PS tenha chumbado a audição do ex-provedor no Parlamento.

“Alguém está a mentir”, atirou o deputado social-democrata, que pretendeu saber se, dada a situação que tem sido referida da SCML, as verbas que constam desta entidade no Orçamento do Estado estão garantidas. Nomeadamente se face à auditoria que está a decorrer, “a receita é estável ou pode haver uma surpresa face à avaliação às contas de SCML que possa vir a perturbar a receita ou o trabalho da SCML”.

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A resposta da ministra não fugiu do guião, realçando a preocupação que o Governo tem de que a SCML cumpra a sua missão. “É isso que nos tem mobilizado”. Mas sobre a questão de Edmundo Martinho disse apenas: “Não comento entrevistas”.

Em novembro, o Governo espera que esteja concluída a auditoria às contas da SCML. “A minha missão é garantir que a missão da SCML é cumprida”, recordando que quando foi ao Parlamento, em setembro, para ser ouvida precisamente sobre a situação da Santa Casa partilhou com os deputados o despacho sobre a revisão da internacionalização da instituição. “A auditoria dará informação global”, disse Ana Mendes Godinho.

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André Ventura voltaria ao tema para perguntar: “Nunca se apercebeu que a Santa Casa estava em rota de descida acentuada?”. Ana Mendes Godinho é ministra desde 2019.

A situação das contas da Santa Casa foi sendo avaliada“, garantiu, falando da queda de receitas e do aumento das despesas da instituição por causa da Covid-19 . Mas acrescentou: “Senti desde logo necessidade de pedir avaliação das contas, para perceber com profundidade a análise detalhada da variação das receitas e das despesas. A avaliação está em curso e pedi que fosse feita a auditoria externa para garantir que o papel da Santa Casa nunca é posto em casa”.

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Sobre o orçamento para 2024, “apresenta equilíbrio para 2024”. Foi isso que a mesa apresentou. Um orçamento equilibrado para 2024, garantiu Ana Mendes Godinho.

Mas concluiu: “Reitero o que já disse de que a minha preocupação foi dar instruções para garantir a sustentabilidade e a missão da Santa Casa. Naturalmente não sou provedora, temos de separar as funções de quem gere e dá instruções claras, o que sempre fiz e continuarei a fazer”. Uma resposta a André Ventura que quis saber porque foram aumentadas as despesas com órgãos sociais da Santa Casa.

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