O Barcelona tem sido fustigado por lesões que progressivamente se têm resolvido. Inversamente ao que seria esperado, quanto mais soluções Xavi Hernández tem recuperado, mais a equipa catalã tem levantado o pé do acelerador. O emblema blaugrana permitiu a reviravolta ao Real Madrid no El Clássico (1-2) e só em tempo de descontos venceu a Real Sociedad (0-1).

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Se algo de positivo o treinador do Barcelona conseguiu reter dos contratempos que geriu foi a resposta que os jovens da formação deram quando chamados a ter um papel preponderante na equipa principal. No último jogo para a Liga dos Campeões, contra o Shakhtar Donetsk (2-1), Fermín foi decisivo para a vitória que deixou os catalães a precisarem de apenas um empate na receção aos ucranianos para garantirem o apuramento para os oitavos de final.

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“Fizemos o trabalho de casa esta temporada, conseguimos nove pontos em nove disponíveis e amanhã [esta-terça] temos que confirmar isso. A qualificação é o primeiro objetivo, temos uma oportunidade fantástica de concretizá-lo e não podemos deixar escapar o primeiro lugar”, disse Xavi Hernández na antevisão. Certo, era que nesta quarta jornada, a liderança do grupo H, o mesmo do FC Porto, ainda não ia ficar decidida, mas podia ficar muito bem encaminhada.

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O espaço que uns jogadores ganham, outros perdem. Foi o caso de João Félix que neste encontro começou no banco, dando lugar a Raphinha no trio de ataque onde também estiveram Ferran Torres e Robert Lewandowski. No onze de Xavi Hernández, houve ainda espaço para João Cancelo no lado direito da defesa. Apesar de Sergi Roberto e Frenkie de Jong serem os únicos ausentes, mesmo assim, o Barcelona só contou com dez jogadores mesmo sendo permitido 12.

Numa altura em que o futebol ucraniano vive dias de nostalgia pelo fim da carreira de Mircea Lucescu, treinador que, entre Shakhtar Donetsk e Dínamo Kiev, esteve 17 temporadas no país, a equipa de Marino Pusic avançava para o quarto jogo sob o comando do técnico bósnio. A jogar em Hamburgo, na Alemanha, por força do conflito no país, o Shakhtar tentava a terceira vitória consecutiva após dois triunfos no campeonato.

Para isso, ajudava não pôr os pés pelas mãos como se viu nos minutos iniciais em que as perdas de bola em zonas comprometedores configuravam um risco que não convinha correr. Porventura, nem em espanhol, nem em ucraniano, existe uma tradução perfeita para o verbo defender. A exaltação da procura pela baliza adversário levava a que fossem descorados os fundamentos que permitem manter um guarda-redes a salvo. Nessa circunstância, Ter Stegen teve que remediar um erro de Cancelo. O lateral abordou uma bola longa da defesa ucraniana com os apoios paralelos e a partir de uma posição diferente da restante linha defensiva. O português acabou surpreendido pelo ataque à profundidade do lateral do Shakhtar, Mykola Matvienko, que não inaugurou o marcador por pouco.

Não que uma coisa estivesse propriamente relacionada com a outra, mas o Barcelona começou a ter um aparente controlo sobre o jogo quando João Cancelo se colocou em zonas interiores durante os momentos de organização ofensiva. Ainda assim, faltava acutilância para almejar a baliza à guarda de Dmytro Riznyk. O Shakhtar, pelo contrário, embora com menos bola, quando a tinha, sabia o que fazer. Newerton, jovem extremo brasileiro de 19 anos, deixava um perfume que se viria mesmo a tornar em cheiro a golo para os ucranianos. Georgiy Sudakov variou o jogo da esquerda para a direita com um passe exímio. Ferran Torres ficou a marcar Gocholeishvili com os olhos e o georgiano tirou o cruzamento que Danylo Sikan (40′) colocou dentro da baliza.

Esperava-se uma reação por parte do Barcelona, mas foi o Shakhtar que voltou a ameaçar. Gocholeishvili fuzilou Ter Stegen com a bola ressaltou no guarda-redes como se tivesse batido numa parede. Era o alemão que tinha que se sacrificar em prol da maneira irresponsável como o Barcelona acautelava a transição defensiva. Notou-se como o central Ronald Araújo ficou condicionado por ter visto um amarelo numa falta ofensiva ainda na primeira parte. Oleksandr Zubkov lançou o contra-ataque, o uruguaio viu-se impossibilitado de fazer falta e Georgiy Sudakov conduziu com critério a transição que terminou com mais um remate perigoso de Danylo Sikan.

João Félix entrou aos 59 minutos embrulhado num pacote de quatro jogadores que Xavi Hernández colocou dentro do campo em simultâneo. Também Pedri, Lamine Yamal e Alejandro Baldé foram lançados nessa fase. A equipa ucraniana continuava, graças à presença do extremos bem perto da linha média no momento defensivo, a empurrar os catalães para as alas que o Barça pouco tentou utilizar até à entrada de Félix e Yamal. Um dos grandes destaques do encontro entre os dois clubes, Fermín, só foi para dentro das quatro linhas aos 81 minutos, tarde para evitar a derrota por 1-0. Newerton ainda marcou o golo que merecia, mas foi apanhado em fora de jogo.

Sem conseguir pontuar, o Barcelona adia a qualificação para os oitavos e soma a primeira derrota nesta edição da Liga dos Campeões. Quem sorri é o FC Porto que, caso vença o Antuérpia, pode sair desta jornada com os mesmos nove pontos que a equipa blaugrana e relança-se na luta pelo primeiro lugar. O Shakhtar alcança os seis pontos e também ganha nova vida na procura de terminar nos dois primeiro lugares do grupo H.