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Foi o aperto de mão de que o mundo estava à espera: Joe Biden e Xi Jinping encontraram-se presencialmente em São Francisco, na Califórnia, onde, esta quarta-feira, estiveram juntos para uma cimeira bilateral no âmbito do fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC). Para lá das preocupações económicas e comerciais, o encontro entre os Presidentes dos EUA e da China, o primeiro desde a cimeira do G20 em Bali, na Indonésia, há um ano, serviu para abordar uma série de questões diplomáticas, com destaque para as guerras na Ucrânia e em Gaza e para a questão de Taiwan.

A cimeira durou cerca de quatro horas e trouxe consigo vários avanços diplomáticos. Numa conferência de imprensa depois do evento, Biden disse que a conversa desta quarta-feira representou “algumas das discussões mais construtivas e produtivas” entre os dois líderes.

Biden e Xi Jinping concordaram, desde logo, em reatar as comunicações entre os respetivos ramos militares, que estavam cortadas há quase um ano, bem como voltar aos encontros entre os responsáveis pela Defesa dos dois países. Washington e Pequim comprometeram-se ainda a cooperar no combate ao tráfico de droga, em particular ao fentanil, componente químico produzido na China e que tem sido um dos principais responsáveis pela crise dos opioides nos EUA, bem como discutir medidas futuras para regular a inteligência artificial.

Os principais pontos na agenda — a crise no Médio Oriente e a situação em Taiwan — foram abordados, ainda que sem resoluções conclusivas. Sobre a guerra em Gaza, Biden instou o homólogo chinês a usar a sua influência junto de países como o Irão para prevenir um escalar na retórica belicista. O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, revelou que Pequim tem estado em contacto com Teerão nesse sentido, adiantaram à CNN Internacional fontes com conhecimento das conversações.

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Taiwan também esteve em cima da mesa, com Xi Jinping a deixar claro que o objetivo da China passa por uma reunificação pacífica com o território. O Chefe de Estado norte-americano comprometeu-se a manter a estabilidade na região, ao que Xi Jinping terá retorquido que “a paz é boa, mas a certo ponto terá de haver uma resolução mais concreta”, de acordo com oficiais do governo chinês.

Questionado na conferência de imprensa sobre se confiava no Presidente chinês, Biden foi cauteloso: “Se confio nele? ‘Confiar mas verificar’ como diz o velho ditado. Temos uma relação competitiva, a China e os EUA. A minha responsabilidade é geri-la de forma racional para não resultar num conflito”, disse.

O encontro aconteceu, depois de um aumento nas tensões entre os dois países ao longo do último ano. Na terça-feira, o Chefe de Estado norte-americano traçou o que para si, constituiria uma conversa bem-sucedida:

Voltar ao normal. (…) Podermos escrever-nos, podermos pegar no telefone e falar um com o outro se houver uma crise, garantir que que as nossas forças armadas continuam a manter o contacto”, disse, citado pela CNN Internacional.

Biden, de resto, disse querer remediar a situação. “Não estamos a tentar dissociar-nos da China. O que estamos a tentar fazer é mudar a relação para uma fase melhor”, sublinhou aos jornalistas presentes na Casa Branca.

O encontro foi o primeiro desde o escalar de tensão a que se assistiu no início do ano, quando Washington acusou Pequim de ter enviado um balão espião para o espaço aéreo dos EUA. Desde então, os dois países têm tentando uma reaproximação diplomática, com diversas reuniões, como a viagem a Pequim do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e a do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, a Washington.

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