O parlamento da Albânia assistiu esta segunda-feira a cenas quentes, quando um grupo de deputados lançou granadas de fumo e ateou um incêndio no interior do edifício, como parte de uma tentativa falhada de impedir o voto do orçamento do país para 2024.

Os protestos foram o mais recente episódio numa disputa política que dura há meses, opondo o primeiro-ministro do país, o socialista Edi Rama, e Sali Berisha, antigo Chefe de Estado e de governo e atual líder da oposição, acusado de corrupção.

O resultado da votação do orçamento era conhecido antes da sessão desta segunda-feira, uma vez que o Partido Socialista da Albânia, atualmente no governo, tem maioria absoluta. No entanto, o debate acabou por descontrolar-se, com membros da oposição do Partido Democrático, de Berisha, a atirarem cadeiras para o meio do hemiciclo e a largarem granadas de fumo vermelho, verde e roxo, à medida que as autoridades tentavam impedir os manifestantes de alcançarem a cadeira do primeiro-ministro.

Pelo meio, um dos deputados revoltosos terá  ateado um pequeno incêndio numa das bancadas, como se pode ver nas imagens abaixo captadas:

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Sali Berisha, que foi Presidente da Albânia entre 1992 e 1997 e chefiou o governo de 2005 a 2013, tem acusado repetidamente os socialistas de tentarem silenciar a oposição parlamentar através da maioria conquistada nas urnas.

Recentemente, Berisha – que está impedido de entrar nos EUA devido a indícios de corrupção e de ligações ao crime organizado – foi acusado pela justiça albanesa de corrupção e abuso de poder durante o seu primeiro mandato como primeiro-ministro, de 2005 a 2009, num processo que envolve ainda a sua filha e o seu genro.

O atual líder da oposição acusou o governo de estar por trás de uma cabala política contra si e, no rescaldo deste episódio, prometeu continuar a seguir a atual linha de oposição, afirmando que “a batalha não terá retorno”, de acordo com a Reuters, declarando que o seu objetivo é “devolver o pluralismo ao parlamento”.

Já o primeiro-ministro recorreu à rede social X para lamentar o episódio, acusando a oposição de ter “trazido o vocabulário e os métodos da rua para a política”. O orçamento de Estado para 2024 acabou por ser aprovado, tendo a sessão durado cerca de cinco minutos.