O Circo de Natal do Coliseu do Porto regressa no dia 15 de dezembro com uma história original do escritor Gonçalo M. Tavares sobre um sonho numa ilha rodeada de crianças por todos os lados, com princesas e acrobatas mágicos.

O espetáculo conta com parceria do Teatro Nacional São João na organização e teatralização de diferentes sequências.

No início, um manto de fumo branco invade o palco do Coliseu e o sonho do avô Paulo, contado na primeira pessoa pelo seu neto Julião, arranca com duas acrobatas a fazer um espetáculo de ‘hula hoop’ e antipodismo com arcos e almofadas a girar nos pés e mãos de forma frenética.

Os vários números de circo sucedem-se a um ritmo ativo e o espectador só consegue parar de suster a respiração das acrobacias na corda de balanço ou da manifestação das princesas, em protesto por mais metros quadrados no palácio real, quando o neto Julião regressa ao palco para dar mais detalhes do sonho do avó Paulo, que chegou a sonhar que havia aviões a enviar do céu rebuçados para a ilha das crianças.

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“Estar dentro dos sonhos dos outros é uma grande responsabilidade (…). O avô desde criança que sonhava em trabalhar num circo e ser palhaço e trapezista”, exclama o neto Julião, lembrando que para mantermos vivos os avós é preciso lembrar as suas memórias.

Em entrevista à Lusa sobre qual a história que se vai contar no espetáculo do Circo de Natal, o escritor Gonçalo M. Tavares, vencedor de Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e Prémio Literário José Saramago 2005, declara que a história é só “mesmo o ponto inicial” e que depois o resto do trabalho é de “encenador, artistas, músicos”.

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A história é o primeiro tijolo [do espetáculo] e tem muito a ver com a questão da memória, com a questão das histórias que mantêm de alguma maneira os mais velhos vivos; tem muito a ver com uma espécie de imaginário que o avô tem, contado pelo neto. É um neto a contar histórias que ouvia do avô. Tem muito a ver com esta questão da memória e também com a memória do Coliseu”, descreve o escritor, sublinhando que a única maneira de manter viva a memória do avô é através das histórias do neto.

No sonho do avô Paulo também há um povo chamado “etc” onde os pais “só têm filho e etc”, onde os namorados apenas dizem “gosto de ti e etc” ou onde para saber as direções na cidade o habitante diz “vira à direita e etc”.

“Foi extremamente divertido. Está um alinhamento muito engraçado. É uma história do Gonçalo M. Tavares que, ao mesmo tempo, se costura com um conjunto de números de circo programados pelo Coliseu”, em colaboração com o Teatro Nacional São João, que “nos pediram para que nós de alguma forma organizássemos e de alguma forma teatralizássemos o espetáculo”, explica à Lusa o diretor artístico do Teatro Nacional de São João, Nuno Cardoso, que fez questão de sublinhar que foi a sua primeira vez a trabalhar no circo.

O fio condutor do espetáculo de Circo de Natal do Coliseu Porto Ageas é a história de um neto, que é contabilista e que fala dos sonhos do avô.

Neste espetáculo há artistas em terra a surpreender com malabarismos e outros a voar num trapézio, há hula-hoops, antipodismo, báscula coreana, mastro chinês, corda balanço, tecido acrobático, espetáculo com arame e, claro, palhaços e magia.

A estreia está marcada para dia 15 de dezembro, às 21h00, e conta com várias sessões até 7 de janeiro de 2024.

As crianças até aos 12 anos têm desconto de 50% e, até aos três anos, desconto de 75%.

Os amigos do Coliseu e portadores do Cartão Porto usufruem de 20% de desconto.

O espetáculo foi desenvolvido e programado pelo Coliseu, com parceria do Teatro Nacional São João, e combina “clássicos da tradição circense com a contemporaneidade, resultando num espetáculo circense único em Portugal”, lê-se no texto de apresentação dado aos jornalistas durante o ensaio para a imprensa, hoje realizado.

O espetáculo conta com artistas portugueses, alemães, britânicos, norte-americanos, italianos e dinamarqueses.