O mundo está à beira de uma “Segunda Guerra Fria” que pode “aniquilar” todo o progresso económico obtido desde a queda do Muro de Berlim, em que o comércio livre foi decisivo. O alerta é Gita Gopinath, vice-diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), a número 2 de Kristalina Georgieva.

Gopinath, que foi economista-chefe do FMI entre 2019 e 2022, avisa que a economia mundial está cada vez mais fragmentada em blocos regionais, essencialmente centrados nos EUA e na China. A confrontação geopolítica e económica entre os dois blocos, e respetivas zonas de influência, colocam o mundo perante um “ponto de viragem”

“Se cairmos numa Segunda Guerra Fria, sabendo os custos que isso teria, poderemos não ver uma destruição económica mútua mas iremos ver uma aniquilação dos ganhos que obtivemos graças ao livre comércio”, afirmou a norte-americana num discurso feito esta segunda-feira durante um evento organizado pelo próprio FMI.

Embora não estejamos a ver sinais de um recuo generalizado em relação à globalização, estão a formar-se fendas à medida que a fragmentação geoeconómica se torna cada vez mais uma realidade”, acrescentou Gita Gopinath, alertando que “se essa fragmentação se aprofundar, poderemos dar por nós numa nova guerra fria”.

Em termos concretos, a economista calcula que o fim do comércio entre os dois grandes blocos levaria a uma perda equivalente a 2,5 biliões de dólares (2,5% do Produto Interno Bruto, ou PIB).

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