A histórica livraria Ferin, na Rua Nova do Almada, em Lisboa, vai fechar portas. A informação é avançada pelos proprietários num comunicado enviado às redações.

“Nem as instituições públicas, nem os investidores privados, nem os parceiros livreiros nem os acionistas e amigos da Ler Devagar conseguiram fazer face ao problema financeiro e contabilístico da Ferin. As suas vendas caíram drasticamente e a livraria Ferin entrou num ciclo do qual já dificilmente recuperaria”, lê-se no texto.  “Seguindo o exemplo de tantas outras lojas da Baixa que foram obrigadas a fechar portas”, a Ferin também vai encerrar.

Na última semana, o Observador reportou que a livraria estaria de portas fechadas, depois de várias imagens terem começado a circular nas redes sociais. Na época, Joana Pinho, uma das proprietárias da centenária livraria, justificou o fecho “temporário” com a necessidade de fazer um “levantamento de problemas”, sem especificar quais, mas sublinhando que estes já existiam quando o pai, José Pinho, dono da Ler Devagar e fundador dos festivais literários Folio e Lisboa 5L, que morreu em maio deste ano, comprou o espaço, em novembro de 2017.

Segundo o comunicado agora enviado às redações por João Pinho, também filho de José Pinho, quando o pai comprou a Ferin, em 2017, fê-lo “herdando, claro está, uma monumental dívida histórica acumulada”. “Foram feitos diversos contactos com possíveis investidores, que pudessem introduzir o dinheiro necessário a todas as transformações” do espaço, mas “quando finalmente a casa parecia começar a estar arrumada e a levantar-se, caiu-nos em cima a pandemia de Covid e o confinamento, que condenaram ao fecho e à penúria grande parte dos negócios, mas muito particularmente as livrarias”, consta no texto. “Nos últimos 6 meses, prosseguimos a procura de uma solução que permitisse tapar o enorme buraco, que estes 4 anos de luta vieram acrescentar ao já existente”.

A notícia do encerramento da livraria fundada em 1840 surge dias depois de se saber que a loja Vida Portuguesa, também no Chiado, iria fechar para dar lugar a uma extensão de um projeto de alojamento local. “Esperamos que este choque nos possa ajudar a pensar o que podemos fazer de diferente no futuro para não perdermos os espaços que mais amamos na cidade”, termina o comunicado da administração da Ferin.

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