Jornalistas de todo o país angariaram mais de seis mil euros em solidariedade com os colegas do Jornal de Notícias e O Jogo que trabalham a recibos verdes, divulgaram este sábado as delegadas sindicais do diário generalista sediado no Porto.

“Até às 15.30 deste sábado, a verba total angariada — a distribuir também por profissionais do jornal O Jogo – ultrapassava os seis mil euros”, pode ler-se num comunicado divulgado pelas delegadas sindicais do Jornal de Notícias (JN) Ivete Carneiro e Rita Salcedas.

No texto enviado às redações, as delegadas recordam “que os trabalhadores a recibos verdes que colaboram com o Jornal de Notícias e outros títulos do Global Media Group estão numa situação extremamente difícil”, já que até este sábado “ainda não receberam os pagamentos correspondentes ao mês de outubro”.

“Segundo uma comunicação informal do presidente da Comissão Executiva do grupo [José Paulo Fafe], que, na semana passada, tinha garantido que os pagamentos seriam feitos esta semana, não há uma data prevista para a regularização das verbas em atraso”, revela ainda o comunicado.

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As delegadas sindicais salientam que na sequência das dificuldades enfrentadas, em especial, pelos trabalhadores a recibos verdes, foi feito “um apelo a toda a redação para que, dentro do possível, ajudasse”.

“O que começou, na quinta-feira, por ser um movimento interno tornou-se, para grande surpresa nossa, numa ação coletiva que chegou aos camaradas de vários órgãos de comunicação social”, revelam as delegadas sindicais do JN.

Manifestando “estupefação e comoção” com o gesto, foram recebidos “dezenas de contactos e doações de pessoas externas ao universo JN e Global Media Group”, o que, no seu entender, configura “uma mobilização do setor de que não há memória”.

“Jornalistas da televisão, da rádio e dos jornais, de todo o país e até da Guiné, quiseram ajudar estes trabalhadores a enfrentar as despesas mais urgentes e a ter algum conforto neste Natal”, assinalam.

Para as delegadas sindicais, “além de um gesto solidário e de união ímpar, é também um sinal importante de que a classe está atenta e vigilante do que se passa nos grupos de Comunicação Social”.

“A luta de um é a luta de todos”, defendem, agradecendo a solidariedade dos camaradas de profissão.

O dirigente do Sindicato dos Jornalistas Augusto Correia disse na quinta-feira que a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) está “a acompanhar o que se passa no Global Media Group” e serão adotados “procedimentos com vista à regularização das situações”.

No dia 06 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva da GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.

A Administração do Global Media Group (GMG) abriu um programa de rescisões por mútuo acordo, para trabalhadores até 61 anos, com contrato sem termo, sendo que as compensações serão divididas por 18 meses, segundo um comunicado interno, divulgado em 11 de dezembro.

Na semana passada, as direções do Jornal de Notícias (JN), TSF, O Jogo e do Dinheiro Vivo (DV) apresentaram demissão, na sequência do processo de reestruturação que prevê reduzir até duas centenas de trabalhadores.

JE (JCR/ALN) // ZO

Lusa/Fim