Um total de 619 migrantes chegou à ilha italiana de Lampedusa nas últimas 24 horas, enquanto outras 119 pessoas resgatadas pelo navio humanitário “Sea Watch5” deverão desembarcar nas próximas horas no porto de Marina di Carrara, centro de Itália.

Nas últimas 24 horas, registaram-se 17 desembarques, o último durante a noite, quando 137 migrantes chegaram à ilha de Lampedusa a bordo de três barcos de sete metros que transportavam 68, 15 e 54 pessoas, noticiou, esta quarta-feira, a imprensa italiana.

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Os dois maiores grupos, formados por bengalis, egípcios, eritreus, paquistaneses, sírios e etíopes, relataram aos membros da organização humanitária que os resgataram, que tinham saído de Zuara (Líbia), depois de pagarem 6.000 euros, enquanto o grupo de 15 migrantes afirmou ter zarpado na manhã de terça-feira de Sfax (Tunísia), uma viagem que custou a cada um 1.500 euros.

Na terça-feira também foram registados 14 desembarques, com um total de 482 migrantes.

Nas próximas horas, o navio “Sea Watch5”, que no dia 24 de dezembro resgatou 119 migrantes nas águas do Mediterrâneo Central, também chegará a Marina di Carrara.

A organização não-governamental (ONG) que gere o navio, a alemã Sea Watch, lamentou que as autoridades italianas os tenham enviado para um porto tão distante.

“Fica a cerca de 1.150 quilómetros de distância. O objetivo destes portos distantes é manter os navios de resgate afastados da área de operações para que não possam salvar outras pessoas em dificuldade”, criticou a ONG.

Entretanto, o navio da ONG espanhola Open Arms dirige-se também para o Mediterrâneo Central para uma nova operação de resgate de migrantes.

De acordo com dados atualizados em 22 de dezembro, este ano já chegaram à costa italiana 153.677 migrantes, metade dos quais sem ajuda e a outra metade resgatada por barcos-patrulha italianos.

O número de migrantes que foram ajudados por navios humanitários de resgate não chegou a 6.000.

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Segundo o porta-voz do Gabinete de Coordenação do Mediterrâneo da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Flavio di Giacomo, “2.271 pessoas morreram este ano no Mediterrâneo Central, mais 60% do que no mesmo período do ano passado (1.413)”.

A rota migratória do Mediterrâneo Central parte sobretudo da Tunísia, Argélia e Líbia em direção à Itália e a Malta e é considerada uma das rotas migratórias mais mortais do mundo.

Mais próxima da costa africana do que da região italiana da Sicília, à qual pertence administrativamente, a pequena ilha de Lampedusa, com 20 quilómetros quadrados e cerca de seis mil habitantes, tornou-se um dos principais pontos de entrada na Europa de migrantes irregulares, na sua maioria subsaarianos, que atravessam o Mediterrâneo em embarcações precárias operadas por redes de traficantes.