O Fórum Cidadania Lx lançou esta sexta-feira uma petição pela salvaguarda da histórica Livraria Ferin, que encerrou recentemente, na qual apela à Câmara Municipal de Lisboa para que impeça a destruição do edifício e promova a utilização daquele espaço.

A associação, voluntarista e apartidária, de defesa do património lisboeta, manifesta preocupação com o futuro de uma das lojas mais importantes e emblemáticas da cidade, além de segunda livraria mais antiga do país, fundada em 1840.

Por isso, apela ao presidente da autarquia e aos deputados à Assembleia Municipal de Lisboa para que “desencadeiem os procedimentos necessários” para impedir “toda e qualquer alteração/deturpação/destruição da fachada e do interior da Livraria Ferin”.

Os signatários pedem ainda que seja aprovada ou licenciada uma “eventual mudança de uso para o espaço, nem que para tal a CML [Câmara Municipal de Lisboa] tenha que adquirir o espaço, dando assim consequência prática ao regulamento do Lojas Com História”.

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No dia 21 deste mês, a Ler Devagar, proprietária da Ferin, anunciou o encerramento da livraria centenária por incapacidade de fazer face às dificuldades financeiras, contabilísticas e de vendas dos últimos anos.

“Tivemos que fechar as portas da Ferin”: com “problema financeiro e contabilístico”, livraria em Lisboa não vai voltar a abrir

A livraria já enfrentava problemas financeiros quando foi adquirida em 2017 pela Ler Devagar, o projeto livreiro fundado por José Pinho.

Localizada no Chiado, a Ferin tem o selo de “Loja com História”, um programa de salvaguarda do comércio tradicional lançado pelo município de Lisboa, mas que não foi suficiente para a continuidade da livraria.

Para a Ler Devagar, o processo de recuperação não sobreviveu a várias circunstâncias, nomeadamente à pandemia de Covid-19, aos confinamentos e à morte do livreiro José Pinho, em maio passado.

Desde então, além da incapacidade de superar os problemas financeiros e contabilísticos da Ferin, “as suas vendas caíram drasticamente” e a livraria “entrou num ciclo do qual já dificilmente recuperaria, seguindo o exemplo de tantas outras lojas da Baixa que foram obrigadas a fechar portas”.

No texto da petição, o Fórum Cidadania Lx assinala que desde que a livraria fechou, os milhares de livros que a recheavam “terão já sido removidos”.

“Como é do conhecimento da Câmara Municipal de Lisboa e da Assembleia Municipal de Lisboa, o espaço físico da Ferin (fachada, montras, móveis) é muito bom e por isso está abrangido não só pela Carta Municipal do Património anexa ao PDM [Plano Diretor Municipal] em vigor (item 48.102), como pelo Plano de Pormenor de Salvaguarda da Baixa Pombalina, e pela Baixa Pombalina classificada Conjunto de Interesse Público desde 2012”, sublinha.

Além disso — acrescenta —, a Livraria Ferin é “classificada Loja Com História pela CML, fazendo parte do seu núcleo fundador de 2015, não só pela sua valia histórica e patrimonial (imóvel e móvel) mas também porque uma cidade sem livrarias é algo impensável”.

Por esses motivos, alegam que “importa proteger e incentivar as livrarias a que não desistam ou que não as despejem, como aconteceu no passado recente com as livrarias Portugal e Aillaud & Lellos, por exemplo”.