Em Mar-a-Lago, ou a “Casa Branca do Sul”, rótulo que deriva da quantidade de tempo que o antigo presidente dos EUA passava nesta destino durante a sua estadia em Washington DC, o rapper Vanilla Ice foi a grande estrela do cartaz deste réveillon. Mais sonante, foi a ausência dos festejos de Melania Trump. “Melania, grande primeira-dama, tão popular, o povo ama-a”, garantiu Donald Trump num vídeo que chegou ao X (ex-Twitter) onde é visto a explicar por que motivo a mulher passara a última noite do ano afastada do clã, em Miami: terá estado ao lado da mãe, Amalija Knavs, que se encontra hospitalizada. “Ela manda o seu amor para todo o mundo.”, acrescentou, desejando à sogra rápida recuperação. “Ela é rija, muito rija”.

Ao contrário do que costuma fazer, Trump não fez comentários públicos ao longo da passadeira vermelha do salão de baile, mas falou com a multidão que compareceu à festa, de acordo com outros vídeos postados nas redes sociais por alguns dos presentes — que para além de um rapper saído dos anos 90 ainda terão podido privar com uma tartaruga Ninja. Chegará a intervenção para desfazer o mistério sobre a discreta agenda da ex-primeira dama, que falhara já um lugar na tradicional foto de família por ocasião do Natal?

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Não é que Melania tenha andado desaparecida em combate por completo, mas depois dessa despedida em estilo hollywoodesco da Casa Branca, refugiou-se das luzes e do olhar do público nos últimos três anos — nem os vizinhos em Palm Beach a avistam com a regularidade de outrora nas lojas e restaurantes deste reduto privado. Aliás, frisava o The Washington Post a 10 de novembro, a tónica é hoje colocada mais do que nunca nos sítios e ocasiões onde não esteve — nomeadamente nas diferentes passagens recentes pelo tribunal protagonizadas pelo marido, favorito à nomeação republicana e com vários casos ainda pendentes na justiça. Especula-se que papel poderá Melania vir a desempenhar nos próximos tempos.

Cabe aos adversários explorar esse aparente vazio. Alguns anos depois do célebre “pisca duas vezes se precisares de ajuda”, em setembro último começaram a aparecer em Iowa panfletos onde se lia “Missing Melania”, e um avião sobrevoou um jogo de futebol americano universitário, com uma faixa que dizia: “Onde está Melania?”. Uns meses antes, já o The New York Times e a Newsweek ensaiavam resposta, visto que Melania não aparecia num evento político ao lado do marido desde novembro de 2022

“Free, Melania”. 5 coisas que aprendemos com a nova biografia da primeira-dama

Os atos públicos, de carácter mais ou menos formal, contam-se pelos dedos, sendo que a rotina passa acima de tudo pela entrada e saída da Trump Tower, em Manhattan, que preferirá a Bedminster, em Nova Jersey, o clube privado de golfe de Trump. Quanto a Mar-a-Lago, um livro recente sobre o centenário deste reduto mostra como a exposição de Melania continua a ser mínima mesmo quando se encontra neste território. “Ela raramente sai de Mar-a-Lago. Eles levam uma vida estranha e isolada naquele lugar“, disse ao Daily Telegraph Laurence Leamer, autor de Mar-a-Lago: Inside the Gates of Power at Donald Trump’s Presidential Palace (2019). “Ninguém sabe onde ela está. É como um mistério. Certamente é comentado”

Apesar da escassez de aparições, continua a ser notícia, destacando-se nem sempre pelos melhores motivos — ou quase sempre arrastando consigo polémica. Raramente motivadora de consenso, veja-se o momento do tributo à antiga primeira-dama Rosalynn Carter, que morreu no passado mês de novembro, aos 96 anos, quando Melania ignorou o protocolo do negro, eleito pelas homólogas, e surgiu com um casaco de tweed cinzento. Stephanie Winston Wolkoff, sua ex-assessora, admitiu que a senhora Trump utilizou o encontro com pendor fúnebre como uma passerelle, não perdendo a oportunidade para ser tópico de conversa.

GettyImages-1230691977

O casal a partir para a Florida, na despedida da presidência, em janeiro de 2021 © Getty Images

No X (antigo Twitter), Melania Trump vai dando conta de alguns dos seus passos. No mais recente, em dezembro passado, acompanhou uma cerimónia de naturalização no Arquivo Nacional, em Washington, onde aplaudiu 25 imigrantes. De origem eslovena, a ex-primeira dama abordou a sua própria experiência de se tornar uma cidadã americana e os desafios enfrentados face ao intrincado sistema legal que marca o processo. Enquanto isso, o companheiro prometia uma “massiva operação de deportação” caso seja reeleito.

Trump confesssa que a mulher continua a oferecer as suas opiniões a partir dos bastidores — onde aliás tentará manter protegido do assédio dos medida, tanto quanto possível, o filho mais novo, Barron, de 17 anos. Melania já terá desincentivado, por exemplo, as danças do marido nos comícios, que considera pouco “presidenciais”. “Tecnicamente, ela provavelmente está certa. Mas que diabos”, partilhou Donald com o público do Iowa. Também ficámos a saber que se viu forçada a renovar o acervo de roupa interior, no mesmo ano em que o seu stylist recebeu uma avultada quantia por serviços de “consultoria estratégica”.

Desde janeiro de 2021, com a partida de Washington, terá sido paga para participar em alguns eventos, esteve envolvida na angariação de fundos no seio dos republicanos; bem como num programa de bolsas de estudo para crianças adotadas e…lançou uma coleção de NFTs com a temática da Apollo 11. De novo, a inesperada decisão não se livrou de controvérsia. A utilização de uma das fotos mais populares do programa Apollo, a imagem de 1969 do astronauta Buzz Aldrin a caminhar na superfície da Lua correu o risco de violar as políticas da NASA.

Na fotogaleria em cima veja alguns dos momentos destes últimos três anos.