Ano novo, vida velha e a esperança de que a vida velha traga um novo ano. Depois de mais uma derrota para a Premier League frente ao Nottingham Forest de Nuno Espírito Santo a fechar 2023, o Manchester United voltava ao ativo na Taça de Inglaterra com um adversário que já se agigantou na prova rainha de Inglaterra mas que está longe dos bons tempos em que andava no principal escalão. Ainda assim, nem mesmo o nome do Wigan parecia suficiente para acalmar um clube e uma equipa que parece sempre andar à beira de um ataque de nervos até ao próximo sucesso e a nova contrariedade. Desta vez, não houve muita história sequer para contar e o triunfo pecou apenas por escasso numa noite em que também o sorteio da próxima ronda da competição foi “simpático” com uma deslocação ao terreno do Newport County ou do Eastleigh.

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Melhor, não houve muita história dentro da história escrita por portugueses e entre “portugueses”. Ainda antes do apito inicial, e quase funcionando contra a corrente geral de análise à temporada do United, Diogo Dalot veio defender o trabalho de Erik ten Hag. “As ideias combinam muito bem com a forma como eu olho para o jogo e com o que gosto também. É uma boa combinação, ele, eu e os outros jogadores. Espero que continue assim. Às vezes pensamos apenas em conquistar troféus mas, para mim, a maior conquista é olhar para trás e ver como lutei para ficar no clube e conseguir um lugar na equipa”, comentou em entrevista à TNT Sports, recordando também a conquista da Taça da Liga como o momento “mais especial” em Old Trafford. Em campo, as palavras passaram aos atos e o lateral terminou mesmo como o MVP do jogo.

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A jogar no lado esquerdo da defesa, o internacional português voltou a destacar-se também pela forma como vai procurando de forma cada vez mais proveitosa os golos. Contra o Nottingham Forest, com o jogo ainda sem golos, testou a meia distância e acertou no poste; agora, arriscou de novo um remate de fora da área e inaugurou mesmo o marcador diante do Wigan (22′), desbloqueando com o segundo golo da época (antes tinha marcado no triunfo dos red devils diante do Sheffield United) uma partida que teria apenas mais um golo e de Bruno Fernandes, que “ganhou” e converteu uma grande penalidade que fez o 2-0 (74′).

Numa noite em destaque (que até começou com o guarda-redes Onana a tirar o golo a Thelo Aasgaard logo no terceiro minuto de jogo), Diogo Dalot teve 100% de eficácia nos tackles feitos, tocou 69 vezes na bola, completou 48 dos 50 passes tentados, ganhou quatro dos cinco duelos diretos que teve e marcou no único remate feito à baliza. Tudo perante o olhar atento de Roberto Martínez, que mais uma vez saiu de Portugal para assistir a jogos com internacionais portugueses envolvidos e que desta vez teve um “acrescento”.

O selecionador português foi convidado para comentar o encontro a contar para a Taça de Inglaterra em Wigan (onde fez parte da equipa que ganhou a Taça da Liga em 1999 entre os seis anos que passou no clube como jogador, regressando depois em 2009 para fazer mais quatro temporadas como treinador) para a ITV, ao lado do antigo avançado inglês do Arsenal Ian Wright e do ex-médio e capitão irlandês do Manchester United Roy Keane, e deixou rasgados elogios a Diogo Dalot, analisando ao pormenor o movimento que o lateral português fez desde o início da jogada até ao golo e explicando que é algo que também pode fazer na Seleção à semelhança do que acontece com João Cancelo quando joga descaído sobre a esquerda.