Dois ex-jogadores do Rio Ave confirmaram esta quarta-feira terem recebido propostas por parte de César Boaventura para perder jogos contra o Benfica, na primeira sessão do julgamento contra o empresário por corrupção ativa.

César Boaventura acusado de corrupção em benefício do Benfica. Clube não será acusado

A decorrer no tribunal de Matosinhos, o julgamento diz respeito às alegadas tentativas de aliciamento por parte de Boaventura para facilitarem nos jogos contra o clube da Luz a troco de dezenas de milhares de euros. Os factos remontam à temporada 2015-16, ano em que o Benfica conquistou o tricampeonato. Especificamente, estão em causa propostas do empresário a quatro jogadores — três ex-atletas do Rio Ave (Cássio, Marcelo e Lionn) e o ex-Marítimo Salin.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com o jornal Público, a primeira sessão contou com o testemunho de Cássio e Marcelo, tendo ambos os atletas confirmado investidas por parte de Boaventura no sentido de aceitarem facilitar nos jogos contra as águias.

“Ele tinha interesse que o Benfica vencesse o jogo e disse para fazer o que tivesse de fazer”, relembrou Cássio, a quem o empresário terá oferecido 60 mil euros a troco de facilitar no jogo daquele fim-de-semana. “Eu disse que não, pedi que saísse do carro e ele disse que, se não aceitasse, o Marcelo e Lionn aceitavam”, garantiu o guarda-redes.

Também Marcelo confirmou ter recebido uma proposta por parte de Boaventura, ainda que com diferenças relativamente ao depoimento que o próprio prestou às autoridades em 2017. Na altura, o futebolista (atualmente no Moreirense) disse ter rejeitado os avanços do empresário; agora, disse que tudo não terá passado de uma brincadeira e que nunca lhe foi colocada seriamente a hipótese de facilitar no jogo contra o Benfica.

Os depoimentos de Lionn e Salin deverão ser ouvidos nas próximas sessões. As abordagens terão ocorrido dias antes do Rio Ave – Benfica, a 24 de abril (que os encarnados venceram por 0-1), e do Marítimo-Benfica, a 8 de maio (vitório do Benfica por 0-2).

A acusação do Ministério Público (MP) não visa diretamente os encarnados, uma vez que, no entender das magistradas a cargo do processo, não ficou provado que o empresário tenha agido diretamente em nome dos dirigentes benfiquistas ou “sido incumbido de qualquer tarefa” por parte do clube. Além deste processo, Boaventura é ainda visado num outro processo, a “Operação Malapata“, onde é acusado de dez crimes.

“Operação Malapata”. Tribunal de Instrução Criminal confirma que empresário César Boaventura vai a julgamento