José Pedro Aguiar-Branco deverá ser o candidato de Luís Montenegro à presidência da Assembleia da República. O antigo ministro da Defesa foi escolhido para ser o cabeça de lista da Aliança Democrática por Viana do Castelo, mas o Observador sabe que a vontade do líder social-democrata é indicar Aguiar-Branco à sucessão de Augusto Santos Silva.

De resto, o convite a Aguiar Branco terá sido pensado já a pensar no pressuposto de que o antigo ministro seria candidato à presidência da Assembleia da República. Tudo dependerá, naturalmente, do resultado das próximas eleições legislativas agendadas para 10 de março. Se existir uma maioria de esquerda no Parlamento, é muito pouco provável que Aguiar-Branco tenha condições para vencer aquela eleição.

Em alternativa, se existir uma maioria à direita, como têm apontando consistentemente as sondagens, será preciso saber como votará a bancada do Chega o nome do antigo ministro da Defesa. A menos que os socialistas permitissem a aprovação do nome — o que é improvável — teria de ser André Ventura a desbloquear.

Aguiar-Branco foi deputado durante 14 anos, tendo chegado a ser líder parlamentar de Manuela Ferreira Leite. Quando Pedro Passos Coelho caiu, em 2017, o antigo ministro deixou a política ativa e voltou à advocacia. Em 2019, apareceu a apoiar Luís Montenegro nas diretas contra Rui Rio e Miguel Pinto Luz. Com a derrota de Montenegro, Aguiar-Branco voltou a desaparecer da esfera partidária.

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No verão de 2023, o antigo ministro esteve com Paulo Rangel num evento do Partido Popular Europeu, no Porto, e logo começou a circular nos bastidores do partido que seria um nome possível para encabeçar a lista do PSD às europeias — tese sempre desmentida pela direção do partido.

Na mesma altura, Aguiar-Branco, que chegou a ser candidato à liderança do PSD, em 2010, decidiu marcar presença no jantar de encerramento da sessão legislativa da bancada parlamentar do PSD, reforçando os rumores de que estaria a ser considerado — e a considerar — um eventual regresso à vida política.

A 25 de novembro, o antigo ministro marcou presença no 41.º Congresso do PSD e subiu ao palco para fazer um discurso duríssimo sobre a governação socialista dos últimos oito anos e para apontar o dedo diretamente a Pedro Nuno Santos: “O partido de Mário Soares foi tomado de assalto por radicais de extrema-esquerda”.