As metas de redução de emissões de dióxido de carbono (CO2) pelos automóveis só serão alcançadas com maior circulação de carros elétricos na União Europeia (UE), segundo o Tribunal de Contas Europeu (TCE).

No relatório “Reduzir as emissões de CO2 dos automóveis: falar é fácil”, divulgado esta quarta-feira, o TCE recomenda, nomeadamente, a substituição das atuais metas da UE e dos fabricantes, baseadas em reduções médias de dióxido de carbono, por objetivos sustentados numa percentagem mínima de veículos de zero emissões.

Só os carros elétricos, que passaram de um em cada 100 matrículas de automóveis novos em 2018 para quase um em sete em 2022, levaram à redução das emissões médias de CO2 que se verificou na estrada nos últimos anos, refere o relatório da auditoria.

Os auditores destacam também que, na última década, as emissões dos carros a gasóleo não se alteraram e as dos carros a gasolina baixaram apenas 4,6%.

Esta realidade explica-se pelo facto de o progresso tecnológico conseguido na eficiência dos motores ser ultrapassado pelo aumento da massa dos automóveis (cerca de 10% em média) e da potência dos motores (25% em média).

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O TCE identifica ainda obstáculos à aposta nos carros elétricos, como o acesso a matérias-primas para construir baterias suficientes e a inadequação da infraestrutura de carregamento de baterias de automóveis, dado que 70% dos carregadores da UE estão concentrados em apenas três Estados-membros – Países Baixos, França e Alemanha.

Em julho de 2025, a UE adotou legislação que prevê estações de carregamento elétrico nos corredores principais da rede transeuropeia de transportes a cada 60 quilómetros (km) para automóveis e 120 km para camiões e de abastecimento de hidrogénio a cada 200 km, até 2026.

O preço dos veículos elétricos é também um obstáculo que o TCE identifica.

Segundo o relatório, em 2021, as emissões de CO2 provenientes dos transportes representaram quase 23% das emissões de gases com efeito de estufa da UE, constituindo a segunda maior fonte destas emissões a seguir ao aprovisionamento energético.

Mais de metade (56%) das emissões geradas pelos transportes em 2021 teve origem no setor automóvel.

Na UE, os transportes continuam a ser o único setor económico em que o nível total de emissões não diminuiu desde 1990, destaca ainda o texto.

Em 2020 entraram em vigor regras para reduzir em 35% as emissões de CO2 dos novos carros até 2030 e a mais recente legislação (2023) define o caminho para emissões nulas de CO2 dos novos automóveis de passageiros e veículos comerciais ligeiros em 2035 — um objetivo para a frota da União de reduzir em 100% as emissões de CO2 produzidas pelos novos carros e furgonetas relativamente a 2021.