Por detrás de um grande jogador de râguebi, há uma grande mãe que sofre ao ver o seu filho ser amassado. “O meu bebé… não quero que ele se magoe”. Louis Rees-Zammit descreve assim a reação da sua mãe quando sofre uma placagem mais dura ou fica perdido no meio de um ruck. Até se tornar numa das figuras da seleção galesa, Maxine teve que sofrer, mas talvez não tanto como ao ver o filho atravessar o mundo para mudar de vida e cumprir o sonho… do pai.

Ainda no passado verão, Louis Rees-Zammit se estreava num Mundial. Conhecido por se um velocista, não perdeu tempo nenhum a marcar o primeiro ensaio. Demorou nove minutos. A vítima? Portugal. O ponta galês é um jogador de gostos versáteis e usou o pé como um jogador de futebol até fazer a bola descansar na zona de validação, ao mesmo tempo que o corpo que se deslocou a velocidades excessivas para os defesas dos Lobos. Depois, festejou com o Siiii, património nacional do adversário que tinha acabado de ferir.

O futebol — entenda-se, soccer  não seria sequer a modalidade mais óbvia para se estabelecerem paralelismos com o râguebi e, embora seja um desporto que Louis Rees-Zammit segue desde cedo, também não é o desporto escolhido para tentar mostrar apetência. O jovem de 22 anos vai viajar até à Flórida para tentar entrar na NFL,a liga norte-americana de futebol, — entenda-se football — sem nunca ter experimentado a modalidade.

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“É algo que está na minha cabeça desde que era um pequeno rapaz. O meu pai jogou futebol americano quando era jovem. Tem sido um sonho meu. Pensei: por que não fazê-lo agora? Estou na idade em que posso aprende um novo desporto, não é tarde demais. Estou entusiasmado”, confessou à SkySports depois de ter deixado o Gloucester, equipa de râguebi que representava, e de anunciar que ia desfalcar a seleção do País de Gales perto do início do Torneio da Seis Nações.

A “equipa apaixonante” só chorou para cantar o hino: Portugal bate-se com o País de Gales, mas perde na estreia no Mundial

Mas como pode um jogador entrar na NFL sem nunca ter praticado a modalidade ainda para mais proveniente de fora dos Estados Unidos? A resposta é simples: através do International Player Pathway (IPP), um programa que a NFL criou em 2017 especificamente para captar talentos de todo o globo para a liga norte-americana, mesmo que oriundos de outros desportos. Desde que o programa foi ativado, 37 atletas assinaram com equipas por esta via. Jordan Mailata foi o mais bem sucedido na NFL tendo-se tornado no primeiro jogador vindo do râguebi a chegar ao Super Bowl.

“É provavelmente a maior decisão que já tomei. Pensei muito, mas estou na lua e entusiasmado para que aconteça”, continuou Louis Rees-Zammit que vai agora passar por um período de estágio com treinadores especialistas no desenvolvimento de jogadores e debaixo da atenção dos olheiros. “Vai ser muito intenso, muito difícil, mas estou determinado e preparado para fazer este sonho tornar-se numa realidade”.