A inflação acelerou mesmo 2,3% em janeiro. A confirmação foi dada esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e corresponde à estimativa avançada a 31 de janeiro. São mais 0,9 pontos percentuais face ao mês anterior. Confirmado está também o peso do fim do IVA Zero para a subida dos preços, agora com números. De acordo com o INE, “estima-se que o impacto do fim da referida medida sobre a variação do IPC total tenha sido 0,7” pontos percentuais.

Mas não foi só a retirada da taxa zero de IVA de um cabaz de 46 produtos, que vigorava desde abril do ano passado, que teve impacto na subida dos preços. Também a subida do preço da eletricidade pesou no indicador. A variação do índice relativo aos produtos energéticos aumentou para 0,2%, quando no mês anterior tinha sido de -10,5%.

Já o indicador de inflação subjacente, que exclui produtos alimentares não transformados e energéticos, teve uma variação de 2,4%, que compara com os 2,6% de dezembro.

A variação mensal do IPC foi nula, o que compara com -0,4% de dezembro e com -0,8% em janeiro de 2023. A variação média dos últimos doze meses diminuiu para 3,8%. Em dezembro foi de 4,3% em dezembro.

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O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português, que conta para as comparações europeias, acelerou para 2,5%, mais 0,6 pontos do que no mês anterior e 0,3 pontos abaixo do previsto pelo Eurostat para a zona euro.

O INE faz uma análise detalhada sobre o impacto do fim do IVA zero, medida tomada pelo Governo para fazer abrandar a subida do preço dos alimentos. Foram feitas simulações, aplicando as taxas atuais de IVA aos preços registados em dezembro pelos produtos abrangidos. E o resultado foi uma subida de 0,7 pontos percentuais.

Olhando apenas para o bens alimentares e bebidas não alcoólicas, o impacto foi mais acentuado, de 3,3 pontos percentuais, indica o INE. “A variação mensal apurada em janeiro para esta classe foi 2,8%” e “a medida abrange aproximadamente 40% dos produtos considerados nesta classe”, refere a nota.

O INE também apurou a variação de preços considerando o conjunto dos produtos abrangidos pela medida. Entre dezembro e janeiro, tiveram um aumento de 4,2%, “que compara com o aumento teórico de 6,1% que se registaria se os preços de base dos produtos se tivessem mantido constantes”. Alguns bens alimentares, refere ainda o INE, dando o exemplo dos óleos, passaram de uma taxa de IVA nula para 13%. “De acordo com estes cálculos é possível concluir que o preço de base dos preços destes produtos terá diminuído ligeiramente”.

Os restantes produtos incluídos na classe dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas que não tiveram alterações das taxas de IVA registaram uma variação mensal de 1,1%. Já a variação mensal do IPC excluindo os bens alimentares abrangidos pela medida foi -0,6%.

No primeiro mês sem IVA Zero, inflação acelera para 2,3%

Noutra nota, o INE explica ainda que devido aos fortes aumentos de preços de 2022, em 2023 em alguns produtos verificaram-se taxas de variação em quebra acentuada devido ao efeito de base. O INE prevê que isso volte a acontecer em 2024. “A a evolução dos preços durante o ano de 2023 também terá um efeito sobre as variações homólogas do IPC de 2024, em particular devido à isenção de IVA em diversos bens alimentares essenciais que esteve em vigor entre maio e dezembro. Deste modo, a análise do comportamento dos preços ao longo de 2024, incluindo o efeito da reposição do IVA, e em particular das taxas de variação homóloga, deve ter em conta o impacto daqueles efeitos”, refere o INE.

Rendas aumentaram 5,9%

Segundo o mesmo destaque, a variação homóloga das rendas de habitação por metro quadrado foi de 5,9% em janeiro. Tinha ficado nos 5,1% no mês anterior. Em todas as regiões houve aumentos, com destaque para o Norte e Lisboa, que registaram subidas dos preços de 6,1%.

O valor médio das rendas de habitação por metro quadrado registou uma variação mensal de 1,4%.