O Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, vai receber no Cairo, na quarta-feira, o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, numa visita sem precedentes destinada a cimentar a reconciliação após mais de uma década de desentendimentos.

Na segunda-feira, Recep Tayyip Erdogan disse que se deslocaria aos Emirados Árabes Unidos e depois ao Egito para “ver o que mais pode ser feito” pelos “irmãos em Gaza”.

Erdogan acrescentou que Ancara estava a fazer “tudo para parar o derramamento de sangue”, numa altura em que mais de 28.000 palestinianos foram mortos, a grande maioria civis, de acordo com o governo do Hamas, na ofensiva lançada por Israel em retaliação ao ataque do movimento islamita palestiniano no sul de Israel, em 7 de outubro.

O Presidente turco visitou o Egito pela última vez em 2012, altura em que era primeiro-ministro, quando o país africano era governado pelo islamita Mohamed Morsi, um dos principais aliados de Ancara.

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Morsi foi derrubado em 2013 pelo seu ministro da Defesa, Abdel Fattah al-Sissi, e, desde então, Erdogan tem repetido que “nunca” falaria com “alguém como ele”.

No entanto, a relação entre os dois homens intensificou-se pela convergência dos interesses em vários teatros regionais, nomeadamente no Sudão e na Faixa de Gaza.

Trocaram o primeiro aperto de mão em novembro de 2022, durante o Campeonato do Mundo de Futebol no Qatar, outro país com o qual o Egito renovou relações recentemente.

Falaram também no rescaldo do terramoto de 06 de fevereiro de 2023, que matou mais de 50.000 pessoas na Turquia, e em julho desse ano foram nomeados embaixadores de ambas as partes para ambos os países.

Em setembro, os dois homens reuniram-se pela primeira vez à margem da cimeira do G20 em Nova Deli.

Apesar de politicamente estarem em campos opostos, as relações comerciais entre os dois países mantêm-se elevadas, com Ancara a ser o quinto maior parceiro comercial do Cairo.

No início de fevereiro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, anunciou a venda de drones de combate ao Egito.

Sobre a questão de Gaza, Erdogan, que descreveu Israel como um “Estado terrorista” e o Hamas como um “grupo de libertadores”, chamou o embaixador turco em Telavive no início de novembro, considerando impossível “romper completamente” com os israelitas.

Antes de 7 de outubro, vários dirigentes políticos do Hamas estavam instalados em Istambul e, desde então, foram discretamente convidados a partir. Erdogan ofereceu-se para mediar o conflito em Gaza, mas as conversações sobre tréguas têm sido lideradas pelo Qatar e pelo Egito.