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Pedro Nuno passa mais de metade do tempo a atacar opositores (enquanto jura o contrário)

Afinal não é 90% do tempo para propostas e o resto para os ataques políticos. No comício onde se queixou de o criticarem por só falar dos adversários, o socialista falou sobretudo... dos adversários.

Em Santarém, o socialista fez uma intervenção em despique com comunicação social e opositores políticos.
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Em Santarém, o socialista fez uma intervenção em despique com comunicação social e opositores políticos.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Em Santarém, o socialista fez uma intervenção em despique com comunicação social e opositores políticos.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Ao terceiro dia de campanha oficial levanta-se a queixa mais frequente nos partidos em apuros (neste caso, nas sondagens): as queixas sobre a comunicação social. Pedro Nuno Santos apareceu em Santarém — onde tinha cerca de duas dezenas de polícias à porta em protesto silencioso — para garantir que não tem falado apenas dos adversários, “como dizem nos comentários”, para logo a seguir falar maioritariamente… nos adversários. Diz que, nas suas intervenções está “90% do tempo a falar do país”, mas o Observador foi fazer as contas e, nesta intervenção concreta, mais de metade do discurso foi exclusivamente a falar de adversários.

Foram cerca de 40 minutos de intervenção, num comício noturno na sala gelada da Casa Campino, em Santarém, e o tom foi de desgarrada total, com Pedro Nuno a dizer que o acusam de só atacar os adversários, quando não é assim. Mas nesta intervenção foi mesmo: dos 38 minutos de intervenção, o líder socialista esteve 21 minutos a atirar a adversários e os restantes 17 a falar do seu “projeto para o país” — e mesmo nesse tempo, houve várias tiradas para a direita. O quadro está longe dos 90% de Pedro Nuno, com a contabilização feita pelo Observador a mostrar que foi metade disso: 55% do tempo foi dedicado a atacar opositores e apenas 45% para as suas propostas.

[Ouça aqui a reportagem da Rádio Observador]

PS reclama atenção mas carrega nas criticas à AD

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Se a esta contabilização juntarmos o dia todo e as várias intervenções que teve no dia de campanha por Leiria, a percentagem sobe, já que a cada declaração, incluindo no comício do almoço, Pedro Nuno não fez outra coisa que não apontar à AD — fosse via Passos Coelho (as pensões e a imigração), fosse via Paulo Núncio (o referendo ao aborto). Aliás, o caminho do candidato socialista afunilou nisto mesmo: o “nós e o eles”. Cavar o fosso face à direita — que radicaliza — o mais que pode nesta altura para chamar a si os indecisos moderados.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

“Falamos de duas ou três áreas [de governação por discurso], mas tenham a santa paciência candidatamo-nos com um projeto para o país, mas temos um adversário que quer andar para trás e temos de denunciar e combater”, assumiu. “Trazem Passos. para a campanha, lembram os cortes nas pensões, querem recuar na interrupção voluntária da gravidez e queriam que ficássemos calados?”, questionou ainda garantindo que o PS não permitirá “nem um passo atrás”.

Os primeiros sete minutos de discurso foram dedicados a críticas à comunicação social, a adversários políticos e aos resultados do PS, mas em despique com os opositores, pedindo sempre “fact checks” a cada frase que debita e garantindo que o que diz é tudo verdadeiro. Depois passou para as suas propostas, que interrompeu várias vezes para contrapor ao espírito da direita a “empatia” socialista ou para dizer que “o PS sabe desenvolver a economia nacional melhor do que eles”.

Esta linguagem de guerrilha, do “nós e eles”, apareceu de forma mais acesa durante esta quarta-feira, com Pedro Nuno a aproveitar que a AD tenha puxado por temas normalmente associados à extrema-direita para acentuar a ideia de radicalização. A estratégia é antiga e colheu em 2022, Pedro Nuno repete-a. Pelo meio vai perorando também sobre “o programa económico deles” porque “os portugueses têm de saber que há um que funciona e outro que não funciona”.

Diz que “o deles” é “uma “aventura fiscal” e que não só é “mau” como “é caro”, que a proposta do IRC significa uma perda de receita de 16,5 mil milhões de euros em quatro anos e dos 23,5 mil milhões de “rombo” nas contas públicas que o programa todo representa. Mas onde queria mesmo chegar era ao “retificativo” de que o PSD já fala se chegar ao Governo e à promessa de Montenegro de se demitir se tiver de cortar pensões. “Neste ‘se tiver’ está todo um programa”, avisou o socialista que ainda deixou uma sugestão no ar: “Se ele tiver de cortar pensões, vem cá outro cortá-las por ele”.

O socialista acrescenta ainda uma explicação para esta linha de raciocínio no PSD: “Sabem que o cenário é de grande incerteza, mas os portugueses sabem que a forma como olhamos para as crises é diferente deles”, afirmou em Santarém. Recordou mesmo que “perante a pandemia, a inflação e a guerra” o PS “não atingiu quem trabalha e os reformados”, o que acena como um risco possível caso a direita chegue ao poder.

E a isto associa a questão do referendo ao aborto, outro “retrocesso” de que o PS passou o dia a falar. Pedro Nuno Santos voltou a ele à noite, para jurar que não recuará. E antes dele, no mesmo palco, a cabeça de lista (pela terceira vez consecutiva) por Santarém, Alexandra Leitão, já tinha feito o mesmo.

“Passos Coelho e Paulo Núncio vieram à campanha dizer o que Luís Montenegro e Nuno Melo não dizem mas pensam, que não anunciam mas farão quando chegarem ao poder”, disse a socialista que coordenou o programa eleitoral do PS. “A direita não gosta da igualdade”, afirmou ainda ao mesmo tempo que deixou um apelo muito direto ao voto das mulheres, por causa do referendo ao aborto defendido pelo candidato da AD, Paulo Núncio. “Nenhum avanço pode ser tomado como garantia”, disse argumentando que “qualquer recuo neste caminho é fatal”. O mesmo para a imigração que Passos colocou na campanha há dois dias e onde o PS apertou a AD esta quarta-feira, mais uma vez para distinguir, perante os indecisos que quer captar, o que os separa.

 
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