A certa altura do clássico, quando o clássico já dava goleada de 4-0, a zona destinada aos adeptos visitantes acendeu dezenas de tochas vermelhas enquanto cantava pelo Benfica campeão. Sérgio Conceição, que andava visivelmente satisfeito na área técnica com aquilo que os jogadores estavam a produzir, não “gostou”. Não gostou e, também aí, puxou pelos adeptos como se fosse um treinador das bancadas a mostrar o símbolo dos azuis e brancos como que a dizer quem “mandava”. A reação, essa, foi quase imediata. Até aquilo que andava mais arredado dos cânticos no Dragão voltou com outra força: os pedidos para um FC Porto campeão.

Havia razões para isso. Numa completa metamorfose em comparação com a equipa que perdeu em Arouca, empatou em Barcelos ou até iniciou a partida nos Açores frente ao Santa Clara (a tempo de emendar a mão e fazer a reviravolta na Taça de Portugal), o FC Porto não só regressou aos triunfos no Campeonato como teve uma das maiores goleadas de sempre ao rival do Benfica, neste caso a terceira maior de sempre. Mais: se é verdade que Sérgio Conceição tem um histórico positivo nos encontros com os encarnados desde que assumiu o comando técnico dos azuis e brancos, com 11 vitórias e três empates em 19 jogos, agora conseguiu quebrar a série de duas derrotas na Supertaça e na primeira volta da Liga com uma goleada de “chapa 5”. No final, o técnico mostrou-se visivelmente satisfeito com a exibição… que devia surgir mais vezes.

“Os jogadores estão de parabéns, interpretaram em pleno o que foi preparado, os diferentes momentos do jogo, percebendo os pontos fortes do Benfica e o que podíamos também explorar. Foi um grandíssimo jogo, um jogo sem história, mas só vale três pontos, apenas isso. Aliás, aquilo que fica é o dissabor de não haver em termos de qualidade uma distância tão grande a nível de pontos no Campeonato e os culpados somos nós porque podemos e devemos fazer mais vezes exibições destas. Tivemos uma mentalidade vencedora, uma mentalidade de campeão que tentamos passar todos os dias a um grupo jovem e em construção. Essa questão é importante, ir a Barcelos e dar o mesmo foco, concentração e determinação naquilo que é planeado e no que é o trabalho de cada um. Estou feliz, não só pela vitória mas por ter sido afirmativa do grupo de trabalho e dar os parabéns também aos sócios e adeptos que vieram ao Dragão. Temos de encarar todos os jogos como se fossem o último e os adeptos são muito importantes”, comentou.

“Hoje estou satisfeito, a minha cara e o meu espírito são esses. Aquilo que acho é que essa concentração competitiva se estivesse presente em todos os jogos não tínhamos essa distância para os da frente. Há ainda alguns jogos para fazer. Nesta casa e neste clube, fomos educados a nunca desistir dentro das dificuldades que existem. Se existem, é superá-las com uma grande resiliência e no final das contas”, prosseguiu ainda na zona de entrevistas rápidas da SportTV, antes de pedir mais exibições a este nível.

“Jogos perfeitos? Todos aqueles que me deram títulos, esses é que são… A ideia da confiança tem de estar sempre presente porque isso é o trabalho diário que nos dá, mesmo que às vezes os resultados possam não surgir. A confiança advém do trabalho diário, da dedicação, da determinação com que trabalhamos e da mentalidade que apresentamos. Muitas vezes é difícil incutir em jovens jogadores essa responsabilidade e trabalhamos isso. Tem faltado consistência ao longo da época mas vamos agora à procura dessa fase final, sermos sólidos e consistentes. O Arsenal era fraquíssimo, hoje provavelmente vão dizer que o Benfica foi muito mau mas há que dar mérito a tudo o que fizemos. Se olharem para o jogo ao detalhe, vão ver que por exemplo muitos dos espaços que tivemos não nos deram, fomos nós que criámos. Foi um jogo completo, agora tem é de haver mais jogos completos assim até final da época”, concluiu o treinador.

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