Ao oitavo dia de campanha, o porta-voz do Livre foi ao concelho de Sintra tentar converter os indecisos com quem se cruzou e defender a importância do jornalismo, acabando por ser pivôt durante uns minutos.

Rui Tavares chegou a Sintra com o objetivo de visitar o News Museum [Museu das notícias], mas antes percorreu as ruas do centro histórico acompanhado por uma comitiva de cerca de duas dezenas de apoiantes, munidos de bandeiras verdes com papoilas.

Com o céu cinzento a ameaçar chuva, típico do microclima sintrense, Tavares foi encontrando no caminho a pé até ao museu alguns apoiantes e indecisos.

Diogo João, guia turístico há oito anos e natural do concelho, abordou Rui Tavares dizendo que gostou muito de o ver na televisão e confessando que está “mesmo inclinado” a votar no Livre.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Sinceramente achei um discurso sincero, que é uma coisa mais difícil de encontrar hoje em dia na televisão”, sustentou aos jornalistas.

Mais à frente, Bruno cumprimentou Rui Tavares e confessou que ainda está indeciso sobre em quem vai votar no dia 10, mas mostrou simpatia por Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal.

Tavares tentou dissuadi-lo, dizendo: “É que os cortes de impostos ajudam mais aos que têm mais, e menos aos que têm menos”.

“Depois se entretanto eu deixar de ser indeciso aviso”, brincou o homem.

Logo de seguida, Rui Tavares cumprimentou Cláudia, que trabalha na pousada de jovens ao pé da estação de Sintra e disse ser mãe de um membro do partido.

Também Cláudia se mostrou indecisa quando questionada sobre em quem vai votar daqui a uma semana: “Agora, estou aberta a ouvir todos que é o que eu acho que a democracia é. Hei de decidir o melhor que eu acho que é para todos nós”.

“Há de decidir o que é melhor para todos nós e para o seu filho, em particular”, brincou Rui Tavares, tentando dissuadi-la, gerando risos e perguntando: “Não vale puxar ao coração de mãe?”.

A caminhada avançou, escapando da chuva, e a comitiva entrou no News Museum. Logo à entrada, Rui Tavares aceitou o desafio de ser pivôt durante uns minutos, e escolheu o 25 de Abril de 1974 como momento para relatar na sua curta estreia como repórter.

Acompanhado da número dois por Lisboa, Isabel Mendes Lopes, e pela dirigente Patrícia Robalo, que ocupa o terceiro lugar na lista pela capital, Rui Tavares leu o teleponto: “Estamos em direto do Quartel do Carmo que está cercado pelos militares”.

No final, Tavares improvisou: “Viva o 25 de Abril, já, no próprio 25 de Abril”, brincou, gerando risos.

A visita seguiu caminho e após responder a alguns questionários sobre ética jornalística, Rui Tavares explicou à imprensa o porquê de ter escolhido este local para uma ação de campanha.

“Nestas eleições está também em jogo o futuro da democracia, e democracia e liberdade de imprensa são sinónimos no nosso país, nasceram no mesmo dia. Tal como a nossa democracia nasceu com o jornalismo, é muito importante que o jornalismo seja um tema importante de políticas públicas”, defendeu.

O deputado único do Livre recordou a recente crise no Global Media Group (GMG), que detém títulos como a TSF, Diário de Notícias ou o Jornal de Notícias, manifestando preocupação com a “opacidade da propriedade desses títulos de imprensa”.

O Livre quer mais jornais nas escolas, para promover a literacia mediática desde criança, um “cheque-cultura para os jovens” em que uma parte tem como objetivo ser utilizado em assinaturas de imprensa ou o aumento das deduções de assinaturas em órgãos de comunicação social em sede de IRS.

Interrogado sobre se teme que o tema da crise no setor do jornalismo seja esquecido com o tempo, Tavares deixou uma garantia.

“É verdade que quando os jornalistas deixam de ser notícia, e os jornalistas em geral não querem ser notícia, o tema pode cair no esquecimento. Mas com o Livre na AR, com deputados e deputadas do Livre, o que podemos garantir é que vamos discutir mesmo o futuro e o presente do jornalismo em Portugal”, disse.