Depois de três encontros consecutivos sem vitórias, um triunfo que soube a derrota. Se a vida do Al Nassr se foi complicando com todos os deslizes averbados no Campeonato e que colocaram a equipa já a 12 pontos do líder Al Hilal com apenas 11 jornadas por realizar, as inglórias recuperações diante do Al Ain dos EAU até à derrota nas grandes penalidades acabou por deitar por terra aquele que era o principal objetivo da equipa de Riade: chegar à final da Liga dos Campeões asiática. É certo que havia ainda a Taça do Rei, é certo que tudo começou com a conquista da Taça dos Campeões Árabes, mas os próximos encontros não teriam a motivação propriamente em alta, mesmo tendo em conta que o adversário seguinte era o Al Ahli, terceiro da Liga.

Duas remontadas, sete golos e o fim de um sonho: Ronaldo marca no prolongamento mas Al Nassr cai nos quartos da Champions asiática

“A minha única tristeza é não ter podido mandar os adeptos do Al Nassr para casa felizes. Podemos ainda ser capazes de ganhar a Taça do Rei e a Supertaça, mas também podemos não ganhar. Se querem saber se o meu trabalho é bom ou mau, perguntem aos jogadores. Não tenho medo de ser despedido. A minha presença no Al Nassr é pelo meu trabalho árduo, não estou aqui só pelos resultados. O mundo árabe debate resultados, não ações. A vida não é só isto”, comentou Luís Castro após essa eliminação, falando do principal problema detetado há muito na equipa: os problemas defensivos que têm assolado a equipa nos últimos encontros.

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“A ausência de jogadores importantes como o Sultan Al Ghannam e o Nawaf Al Aqidi afetou-nos muito. Esperamos que a nossa defesa fique estável nos próximos jogos. A má defesa deve-se apenas a erros individuais, não a erros coletivos. A justiça futebolística não esteve connosco. Os erros individuais são da nossa responsabilidade, incluindo lesões e suspensões. Tivemos 30 remates à baliza do Al Ain, tivemos oportunidades no jogo. São momentos difíceis para nós, mas felicito os jogadores pelo jogo. Futuro? A minha presença no Al Nassr depende do trabalho honesto e digno que faço todos os dias com os meus jogadores. Não dependo dos resultados, dependo do trabalho honesto e digno. Não devo nada ao trabalho nem à minha consciência. Apesar de nunca ter sido demitido na minha carreira, não tenho de ser despedido. Tenho 25 ou 27 anos de carreira e nunca saí de um clube a meio. Sabem porquê? Porque quem trabalha comigo todos os dias sabe que não tenho medo dos resultados. Nem tenho medo de nada”, acrescentou a esse propósito.

Apesar de haver uma vontade clara de travar os maus resultados, aquilo que se viu foi um Al Nassr longe daquilo que já fez na presente temporada. Ainda assim, foi suficiente para o regresso aos triunfo, abrindo uma vantagem de nove pontos em relação ao Al Ahli no segundo lugar. E, como também é habitual, o nome de quem decidiu foi o do costume: dois dias depois da informação da Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS) de que se tinha tornado o primeiro jogador a chegar às 800 vitórias, Cristiano Ronaldo voltou a marcar e empurrou o conjunto de Riade para o triunfo na deslocação a Jeddah.

O encontro começou com um lance contestado pelo Al Nassr em que Demiral, central que fez a parte final da formação no Sporting e chegou a estrear-se pelo conjunto principal antes de ser cedido com uma cláusula de compra então exercida aos turcos do Alanyaspor, atingiu Cristiano Ronaldo com o braço na cara mas prosseguiu sem grandes oportunidades ou motivos de interesse (algo adensado tendo em conta todas as “estrelas” em campo que continuavam sem desbloquear a monotonia) até perto do intervalo, altura em que Mahrez bateu um canto na direita do ataque e Demiral desviou de cabeça à trave (36′). Foi isso que pareceu desbloquear o encontro para uns minutos finais até ao descanso com um pouco de tudo no jogo…

Primeiro, o que se passou em campo. Ronaldo conseguiu encontrar o espaço nas costas da defesa do Al Ahli pela primeira ocasião após passe de Sadio Mané, passou pelo guarda-redes Édouard Mendy e, quase sem ângulo, atirou rasteiro para o 1-0 que acabaria por ser anulado por fora de jogo do avançado português no início da jogada (42′). Depois, o que veio de fora dele. Quando os jogadores do Al Nassr festejavam ainda o golo que seria invalidado, Otávio foi atingido por um copo cheio que voou das bancadas, caiu no chão agarrado à cabeça e a partida esteve então parada entre toda a “revolta” de Brozovic com a situação.

O segundo tempo manteve a toada do encontro, com o Al Nassr a ter mais bola mas longe do último terço e o Al Ahli a procurar sair em transições que pudessem causar mossa, como chegou a acontecer num lance em que se Saint-Maximin assistiu Roberto Firmino mas o golo foi anulado por fora de jogo do antigo avançado do Liverpool (57′). Assim, foi preciso esperar até meio da segunda parte para haver um golo válido, com Cristiano Ronaldo a bater de Mendy de grande penalidade para o 1-0 que iria prevalecer até ao final apesar das tentativas do conjunto de Jeddah em chegar pelo menos ao empate no encontro (68′).