O gabinete do primeiro-ministro israelita indicou esta segunda-feira que Benjamin Netanyahu comunicou ao Presidente dos EUA, Joe Biden, a sua “determinação” em “atingir todos os objetivos da guerra” em Gaza, incluindo a eliminação do Hamas.

“Discutimos os últimos desenvolvimentos da guerra incluindo o empenhamento de Israel em atingir todos os objetivos da guerra: eliminação do Hamas, libertação de todos os nossos reféns, assegurar que Gaza não constitua uma ameaça para Israel e fornecendo a ajuda humanitária necessária” à população civil, declarou o gabinete de Netanyahu no comunicado após o contacto telefónico desta segunda-feira entre os dois líderes.

Segundo a Casa Branca, esta foi a primeira conversa telefónica entre os dois aliados desde há mais de um mês.

Biden, que forneceu um apoio praticamente incondicional a Israel desde o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro, tem manifestado ultimamente algum distanciamento face a Netanyahu.

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Recentemente considerou que o primeiro-ministro israelita “faz pior que melhor” ao seu país devido à conduta da guerra na Faixa de Gaza, onde as mortes de civis não cessam de aumentar, a par do agravamento de uma situação humanitária catastrófica.

Biden também saudou o “bom discurso” do chefe dos senadores democratas, Chuck Schumer, que defendeu eleições gerais em Israel.

Os EUA têm manifestado reservas sobre a ofensiva que Netanyahu pretende desencadear em Rafah para eliminar o que define de “últimos batalhões do Hamas”, e quando 1,5 milhões de civis, na maioria deslocados internos, permanecem concentrados nessa cidade do sul da Faixa de Gaza, junto à fronteira com o Egito.

No domingo, o primeiro-ministro israelita advertiu que a “pressão internacional” não o impedirá de desencadear esta operação, mas assegurando que não terá início enquanto a população permanecer “concentrada no local”.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 7 de outubro.

Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 120 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 31.700 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes — e feridas mais de 70.000, também maioritariamente civis.

As agências da ONU indicam ainda que pelo menos 160 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes devido ao colapso dos hospitais, ao surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 7 de outubro, pelo menos 418 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado perto de 7.000 detenções e mais de 3.000 feridos.