O atual líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, venceu as eleições internas, derrotando o seu adversário, Manuel António Correia, por 2.246 votos contra 1.854, num universo de 4.388 votantes inscritos, indicou o secretariado do partido.

O ato eleitoral aconteceu esta quinta-feira na sequência da crise política provocada pela demissão de Miguel Albuquerque do cargo de presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), em janeiro, após ser constituído arguido numa investigação judicial sobre suspeitas de corrupção no arquipélago.

As eleições internas decorreram entre as 17h30 e as 20h30, nas sedes concelhias e de freguesia do PSD espalhadas pelos 11 concelhos da Região Autónoma da Madeira, sendo 4.388 militantes estavam em condições de votar, num total superior a 12.000.

De acordo com o semanário Expresso, o Presidente da República deverá agora iniciar os procedimentos para a convocação de eleições regionais para que se possam realizar no dia 26 de maio. Os partidos com assento parlamentar na assembleia legislativa da Madeira devem começar a ser ouvidos na próxima semana.

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O reeleito presidente do PSD-Madeira afirmou que “os adversários não estão dentro do partido” e mostrou-se confiante na vitória caso o Presidente da República convoque eleições antecipadas na região. “Acho que esta eleição [interna] foi muito importante, porque mobilizou as pessoas. As pessoas foram livres de optar sobre a orientação e o líder que queriam para o partido. Isso veio incutir no PSD/Madeira uma dinâmica nova e veio sobretudo legitimar a minha liderança”, afirmou.

Miguel Albuquerque falava na sede do partido, no Funchal, após a contagem dos votos, sendo que a sua lista obteve 2.243, contra 1.856 da lista encabeçada por Manuel António Correia, num universo de 4.388 militantes em condições de votar.

“Não pode haver no partido reservas mentais, jogadas subterrâneas. Há que pôr tudo em pratos limpos e não há nada como a democracia interna para que isso aconteça”, declarou. E disse, por outro lado, que agora “está tudo em aberto” face à decisão que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tomar sobre a dissolução ou não da Assembleia Legislativa da Madeira, o que só pode ocorrer a partir de 24 de março — domingo –, seis meses após as eleições regionais de 24 de setembro de 2023. “O PSD vai, como sempre, para todas as eleições para ganhar”, assegurou.

Esta foi a segunda vez que Miguel Albuquerque venceu Manuel António Correia numa disputa interna pela presidência do partido, tendo o primeiro confronto ocorrido em 2014, para escolher o sucessor do histórico líder Alberto João Jardim.

Na altura, Albuquerque derrotou Manuel António Correia, então secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais, numa segunda volta, obtendo cerca de 63% dos votos, e manteve-se na liderança do partido até ao presente, recandidatando-se sempre sem oponente nas eleições internas.

Miguel Albuquerque, nascido em 4 de maio de 1961 (62 anos) e natural do Funchal, é advogado e tem no seu currículo político a presidência da Câmara do Funchal (1994-2013) e do Governo Regional da Madeira, desde 2015.

Pediu a demissão em 26 de janeiro, depois de a deputada única do PAN ter recusado cumprir o acordo de incidência parlamentar que garantia a maioria absoluta da coligação PSD/CDS na Assembleia Legislativa da Madeira, na sequência do processo que investiga suspeitas de corrupção.

Manuel António Correia aponta a existência de pressões

O candidato derrotado, Manuel António Correia, defendeu que as eleições internas foram injustas, argumentando que não houve igualdade de oportunidades para as duas candidaturas e apontando a existência de pressões.

“Jogámos um jogo condicionado, no tempo e com as regras dos outros, em que tivemos um adversário que foi simultaneamente árbitro e ainda assim estamos de parabéns porque obtivemos em muito pouco tempo um extraordinário resultado”, afirmou Manuel António Correia, em declarações na sede de campanha, no Funchal, depois de conhecidos os resultados das internas da estrutura regional do PSD.

Na perspetiva de Manuel António Correia, as eleições “não foram justas porque não houve igualdade de oportunidades para as duas candidaturas”. “Eu convoco todos os militantes a darem o seu testemunho. […] Eu penso que quase todos tiveram uma experiência pessoal de pressão, de condicionamento”, declarou.

O candidato apontou que houve sinais durante a campanha para as internas do PSD/Madeira “de que poderá haver delitos de opinião neste partido e pessoas perseguidas porque votaram em candidatos que não o vencedor”.

“E, por isso, tenho de pedir publicamente: não persigam pessoas porque tiveram outra opinião”, apelou, reforçando que estará particularmente atento e que não permitirá que “alguém seja punido” por ter apoiado a sua candidatura.

Manuel António Correia disse, por outro lado, não ter qualquer informação que coloque em causa a transparência do ato eleitoral em si. Questionado pelos jornalistas, o social-democrata não indicou se estará ativo na vida política ou não, sublinhando que mais importante que o candidato é o partido.

“O PSD não acaba hoje nem nasceu hoje e, portanto, numa lógica de médio/longo prazo eu acredito que é possível credibilizar, unir e vencer. Vamos refletir, vamos repensar de forma clara, estruturada, fazer um debate interno que não aconteceu durante as eleições”, sugeriu.

Manuel António Correia admitiu também que a noite “não foi boa em termos de resultados”, mas considerou que foi lançada a “semente da mudança na Madeira”.