Era o desfecho mais expectável e até foi antecipado três dias: Luis Rubiales foi detido esta quarta-feira e à chegada a Madrid, em pleno Aeroporto Internacional Adolfo Suárez/Madrid-Barajas, vindo da República Dominicana. O antigo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) prestou declarações ainda nas instalações da Guardia Civil no aeroporto e foi posteriormente libertado, cerca de duas horas após a detenção.

O antigo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) está incluído na investigação de alegadas irregularidades em contratos do organismo nos últimos cinco anos, período em que já o liderava, e é suspeito de branqueamento de capitais, corrupção, administração desleal e ligações a organização criminosa.

Segundo o jornal AS, Luis Rubiales nem sequer chegou a sair do avião que aterrou em Madrid às 12h (11h em Portugal Continental) e foi desde logo interpelado por vários agentes da Guardia Civil no interior do aparelho — trocando as voltas à comunicação social, que esperava no Terminal 1 do aeroporto. O espanhol foi depois transportado para as instalações da Unidade Central Operativa da Guardia Civil no próprio aeroporto.

A detenção de Luis Rubiales, que passou os últimos meses na República Dominicana, acaba por acontecer três dias antes do esperado. No fim de março, quando aconteceram as buscas aos escritórios da RFEF e também à casa do ex-presidente em Granada, o entorno de Rubiales garantiu que este iria regressar a Espanha no dia 6 de abril. A antecipação do regresso, segundo a defesa do dirigente, prende-se apenas com a vontade de esclarecer o envolvimento nas alegadas irregularidades o mais depressa possível e não com uma exigência judicial.

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O antigo presidente da RFEF está incluído num mandado de detenção emitido pelo Ministério Público do país na sequência das buscas por alegadas irregularidades nos contratos com a Kosmos, de Gerard Piqué, que fecharam a ida da Supertaça para a Arábia Saudita. As buscas da Unidade Central Operacional da Guarda Civil decorreram no final de março na sede da RFEF, nos escritórios do Estádio Olímpico de La Cartuja em Sevilha, na casa de Luis Rubiales em Granada e noutros 11 domicílios.

Luis Rubiales regressa a Espanha em abril e deve ser detido depois das buscas na RFEF e no Estádio Olímpico

Quatro pessoas foram detidas, incluindo o assessor jurídico e o diretor legal da Federação, e a imprensa espanhola avançou desde logo que o antigo presidente também o teria sido se estivesse em Espanha. Rubiales estava na República Dominicana há vários meses, supostamente inserido no mundo do basebol depois de ter sido suspenso pela FIFA de toda a atividade do futebol por três anos, e mostrou-se “espantado” com o caso.

“Estou absolutamente espantado com tudo isto. Há meses que estou a trabalhar na República Dominicana, a minha família vinha ter comigo na Páscoa”, começou por dizer, com a advogada do antigo dirigente a garantir que este estava “disponível para, perante a justiça, prestar todos os esclarecimentos sobre a investigação em curso”. No dia seguinte, o jornal El Español publicou uma entrevista onde Luis Rubiales revelava que iria regressar a Espanha daí a pouco mais de duas semanas.

O novo caso Rubiales: um anexo assinado dois minutos depois do contrato, ligações à Rep. Dominicana, protocolos na China e até criptomoedas

Ao jornal, o antigo presidente da RFEF mostrou-se “surpreendido” com as buscas, garantiu que nunca fez “nada de mal” e que “não sabe nada” sobre o que está a ser investigado. “Quando me fizerem perguntas, respondo a tudo, para mim é melhor que se esclareça tudo o mais depressa possível”, acrescentou, reiterando que não tem “nada a esconder” e que está “à plena disposição” da justiça. De recordar que, para além deste caso, o Ministério Público também pediu dois anos e meio de prisão para o dirigente na sequência do beijo não consentido a Jenni Hermoso na final do Campeonato do Mundo feminino.

Entretanto, Luis Rubiales rompeu o silêncio numa entrevista ao canal La Sexta, que só será emitida esta quarta-feira, mas que já teve alguns excertos divulgados. “Por que é que estou aqui? Estou aqui para dizer que é tudo mentira. É mentira que tenha enriquecido em Cabo Verde. É mentira que tenha terrenos para construir hotéis na Arábia Saudita. O que é que se passa? O presidente da RFEF tem de viver numa bolha fora da sociedade?”, questionou, justificando as viagens que fez durante o mandato no organismo.

Segundo a Cadena SER, para além do negócio da ida da Supertaça de Espanha para a Arábia Saudita, a agora denominada “Operação Brody” está a investigar as obras de remodelação do Estádio Olímpico de La Cartuja, em Sevilha, onde também decorreram buscas. As obras foram divididas por dois contratos, num total de quase 900 mil euros, e a empresa proprietária do estádio terá fechado um acordo com a RFEF para que a empreitada fosse adjudicada à GRUCONSA, onde trabalha o irmão do diretor do Departamento Jurídico da RFEF. Os dois irmãos também foram detidos no final de março.