A água mineral comercializada pela Nestlé em França está contaminada com vestígios de matéria fecal, com a bactéria E. coli e com outros poluentes, de acordo com uma análise feita pela agência nacional de segurança alimentar (Anses, no acrónimo francês), cujos resultados foram divulgados esta semana pela imprensa francesa.

O escândalo em torno da qualidade da água mineral da Nestlé já se arrasta desde janeiro, quando foram divulgadas as conclusões de uma investigação das autoridades francesas que dava conta de que um terço da água consumida no país era purificada antes de ser engarrafada. Trata-se de uma prática proibida pela lei francesa e europeia, já que a água para consumo humano tem de ter qualidade suficiente para ser engarrafa sem necessitar de purificação.

Depois da divulgação dessas informações, a Nestlé admitiu que usava técnicas de purificação, com recurso a luz ultravioleta e a filtros de carbono, para algumas das suas marcas. O jornal inglês The Telegraph, que esta sexta-feira sintetiza a controvérsia, explica que uma investigação revelou que a Nestlé escondeu esta prática durante anos, vendendo água filtrada como se fosse água mineral pura. A marca terá até ocultado os filtros durante as visitas dos inspetores de saúde.

A Nestlé admitiu posteriormente a prática, garantiu que tinha informado as autoridades em 2021 e explicou que só o fazia em nome da segurança dos produtos.

Todavia, uma investigação realizada pela Anses, e agora divulgada, dá conta de que há grandes dúvidas sobre a real qualidade da água comercializada pela Nestlé. No relatório, a agência diz que tem um “nível insuficiente de confiança” na capacidade da marca para garantir “a qualidade sanitária” dos produtos, uma vez que as análises permitiram detetar contaminação da água de nascente em vários dos pontos de França onde a água da Nestlé é engarrafada.

De acordo com aquele relatório, foi detetada na água a presença de contaminação pela bactéria E. coli, de matéria fecal e de micropoluentes.

A agência de segurança alimentar recomenda à Nestlé o reforço da monitorização da qualidade da água — mas mostra-se também preocupada com o facto de, na sequência do escândalo, a marca ter optado por parar com os tratamentos que são proibidos por lei. Sem aqueles tratamentos, há ainda maior risco de estar a ser comercializada água com grande contaminação.

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