Os sindicatos de polícia admitem não ter “grandes expectativas” para a reunião com a ministra da Administração Interna, convocada para esta sexta-feira, no Ministério da Administração Interna, às 16h (exatamente 30 minutos depois da hora para que está convocada uma vigília dos polícias em frente à Assembleia da República). A convocatória chegou aos sindicatos esta quinta-feira de manhã, sem qualquer indicação da ordem de trabalhos. “Vamos ver o que a senhora ministra tem para nos dizer”, diz ao Observador Paulo Santos, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia.

A equiparação do suplemento de missão dos elementos das forças de segurança ao dos inspetores da Polícia Judiciária é “o” tema no topo da lista de questões que os sindicatos querem levar à discussão com a nova ministra, Margarida Blasco. Mas, para já, não há qualquer indício de que a discussão possa iniciar-se já esta semana.

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“Não sei qual é o enquadramento da reunião. A convocatória não trouxe os assuntos que iríamos debater“, revela ao Observador Paulo Santos, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia. “Vamos ver o que a senhora ministra tem para nos dizer“, acrescentou.

Também Armando Ferreira, presidente da Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL), vai marcar presença na reunião, para “ouvir com atenção as palavras da ministra”, Margarida Blasco. “Vamos registar quais são as intenções do Governo e quando pretende iniciar o processo negocial com os sindicatos representativos sobre o suplemento de missão equiparado ao da Polícia Judiciária”, afirmou o presidente do SINAPOL.

O Observador sabe que a nova ministra convocou todos os sindicatos das forças de segurança. Na cerimónia de tomada de posse dos secretários de Estado, há uma semana, Margarida Blasco mostrou-se confiante em relação ao início das negociações com os sindicatos e a possibilidade se “alcançar um porto muito seguro para todos”.

Ainda assim, as expectativas para esta reunião não são “grandes”, confessa também Bruno Pereira, porta-voz da plataforma que reúne várias estruturas da PSP e GNR, ao Observador. “Presumo que vá ser essencialmente para apresentar cumprimentos e dar nota da calendarização das próximas reuniões”, admitiu ao Observador.

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Ainda que não tenha sido anunciada a ordem de trabalhos da reunião, os representantes sindicais ponderam levar vários assuntos para colocar em cima da mesa da ministra, nomeadamente a revisão das tabelas remuneratórias dos salários básicos dos polícias, a equiparação do suplemento de risco, as condições de trabalho, investimento na tecnologia, entre outros temas.

Para esta sexta-feira está também marcada uma vigília do Movimento INOP – o grupo de Telegram que reúne milhares de elementos das Forças de Segurança e que foi criado para reivindicar a revisão dos suplementos remuneratórios –, a partir das 15h30 nas escadarias da Assembleia da República.

Vários polícias já anunciaram a “presença”, mas a decisão de avançar já com novo protesto, ainda antes de ser conhecida a posição oficial do novo Governo sobre as reivindicações dos polícias, não é consensual.

Alguns elementos as forças de segurança dizem preferir “aguardar pela reunião” com a nova ministra para “perceber a disponibilidade para diálogo”. “A partir daí, tomaremos as medidas necessárias”, pode ler-se na mensagem de um dos elementos de um grupo que sempre se apresentou como inorgânico e sem orientações coordenadas superiormente.

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Quem já assegurou presença foi Pedro Costa, o agente da PSP que fez nascer o protesto, após ter divulgado uma carta aberta em que prometeu só deixar a “Assembleia quando todos os polícias tiverem um vencimento digno e justo”. No vídeo publicado esta semana nas redes sociais, o polícia, que entretanto já regressou ao trabalho no aeroporto de Lisboa, revelou que ia voltar a marcar presença em frente ao Parlamento “sempre que pudesse”, para garantir que “o Governo cumpre com o que prometeu” durante a campanha para as eleições de 10 de março.