João Neves é um caso raro e especial no futebol português. Médio da formação do Benfica, adepto encarnado convicto e confesso, reúne a simpatia e o carinho de praticamente todos — até dos rivais. E isso ficou bem claro em fevereiro, quando jogadores e treinadores, colegas e adversários, se uniram numa onda de apoio ao internacional português.

Na altura, dias depois de perder a mãe, João Neves disse a Roger Schmidt que não queria ficar de fora da convocatória da segunda mão do playoff de acesso aos oitavos de final da Liga Europa, contra o Toulouse, e foi titular em França. Cerca de dois meses depois, em entrevista à UEFA, o jovem médio recordou o apoio dos adeptos e não escondeu que se tratou de uma noite “emotiva”.

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“O último jogo em França foi muito emotivo para mim, como todos sabem. Não é segredo para ninguém e dei o devido valor. Foi um jogo muito renhido”, disse o jogador de 19 anos, aproveitando o embalo para antecipar o encontro desta quinta-feira, novamente em França, com o Benfica a disputar o acesso às meias-finais da Liga Europa contra o Marselha. “Se jogarmos o nosso futebol, depende de nós chegarmos o mais longe possível. São duas equipas de alta qualidade a nível internacional e eles têm os seus pontos fortes. Temos de olhar para nós e colocar em prática o nosso jogo. Penso que a primeira opção é olhar para nós e só depois para o adversário”, atirou, sublinhando a importância da vitória encarnada na primeira mão na Luz.

Na mesma entrevista, João Neves falou sobre o facto de já ser visto como um exemplo junto dos jogadores da formação do Benfica e assumiu o papel de “modelo”. “Sinto o carinho que os jovens atletas do Benfica Campus têm por mim e dá-me imenso orgulho. Também já tive jogadores da equipa A como ídolos. Saber que posso ser o ídolo de pelo menos um jogador da formação é muito bom. O meu objetivo sempre foi jogar na Luz. Sempre que entro em campo com o símbolo do Benfica ao peito é um motivo de orgulho para mim e para a minha família”, explicou.

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Mais à frente, o internacional português também abordou a importância de partilhar o balneário com António Silva, Samuel Soares, André Gomes e Tomás Araújo, com quem conquistou a Youth League. “A minha formação foi feita com eles. São amigos para a vida. Conseguirmos os cinco chegar a este patamar é um motivo para estarmos felizes, porque é com os meus amigos que jogo, é com eles que me divirto. Continuamos a passar bons momentos dentro e fora de campo”, atirou, antes de sublinhar a vontade de seguir as pisadas de Rúben Dias ou João Félix.

“As minhas memórias em relação ao Rúben Dias são poucas, mas as que tenho são marcantes. Já fui apanha-bolas enquanto eles jogavam na Youth League ou na equipa A, já fui apanha-bolas na Luz. Quando os via lá ficava sempre com uma motivação extra. Pensava sempre: ‘Se eles conseguiram lá chegar, eu também vou conseguir’. De certeza que trabalharam muito e eu quis seguir os passos deles. Vê-los em grandes equipas na Europa, a conquistar muitos títulos, o Rúben a conquistar a Champions… Também é um sonho meu”, afirmou João Neves, antes de terminar com um elogio ao ídolo Andrés Iniesta.

“É um jogador de altíssima qualidade a nível mundial. Encontro semelhanças minhas com ele, mas o que vejo nele é aquilo que eu gostava de ser. Um jogador talentoso, que passa despercebido nas redes sociais, e isso a mim também não me importa. Dentro de campo era um monstro”, concluiu.

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