A candidatura da CDU (PCP/PEV) às eleições regionais da Madeira carregou esta quarta-feira a ombros, simbolicamente, uma garrafa de gás numa vereda, alertando para “a dureza” do quotidiano dos habitantes das zonas altas do Funchal devido à dificuldade de acessos.

“Esta garrafa de gás simboliza esta dureza, esta violência da vida do dia a dia das populações, mas também simboliza, esta garrafa de gás levada a ombros, a força reivindicativa, a exigência de direitos e o querer conquistar direitos para quem vive nestas ultraperiferias”, afirmou o cabeça de lista da CDU às eleições legislativas de domingo, Edgar Silva, à agência Lusa.

Neste 11.º dia de campanha eleitoral, a caravana da CDU foi até ao Largo do Miranda, na freguesia de Santa Maria Maior, concelho do Funchal, para fazer o trajeto que os residentes dessa zona alta percorrem a pé diariamente para chegar às suas habitações, através de “uma longa vereda, estreita, no meio do arvoredo”.

“São quase 15 minutos até chegar às casas, num acesso difícil, até arriscado”, indicou o candidato Edgar Silva, também coordenador da CDU e do Partido Comunista Português na Madeira.

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Reforçando o apelo ao voto na CDU para “garantir mais justiça social”, o cabeça de lista sublinhou o problema de “ultraperiferia social” nas zonas altas de Santa Maria Maior, assim como noutros lugares da ilha da Madeira, apontando para a dificuldade do acesso rodoviário e a inexistência de transporte público, em que “a dureza e a penosidade do dia a dia da vida destas populações contrasta com o que é o centro do Funchal, onde o investimento público está concentrado”.

“Aqui em cima falta tudo, falta quase tudo”, expressou.

Edgar Silva explicou que a população de Santa Maria Maior está a lutar, “já há muitos anos”, por um acesso rodoviário, “uma nova estrada, uma acessibilidade capaz de garantir melhores condições de vida para quem habita” nesta zona.

De forma simbólica, para evidenciar a luta da população, a caravana da CDU transportou “uma garrafa de gás cheia” ao longo do percurso de acesso às casas das pessoas.

“A garrafa de gás também simboliza a luta pelo desenvolvimento, pelo direito ao desenvolvimento”, reforçou o comunista, pedindo a mobilização das pessoas desta localidade para o voto na CDU “como o voto que garante o compromisso pela justiça social e o voto que mais garante que a justiça social estará no topo da agenda política”.

Sobre as dificuldades de construção de uma nova estrada nesta zona, Edgar Silva explicou que a vereda já indicia aquele que deverá ser o trajeto para o acesso rodoviário e afirmou que “falta é vontade política para atender a esta demanda do povo, a esta justa reivindicação, porque não são necessárias obras mirabolantes para conseguir a estrada que as pessoas tanto pedem”.

As legislativas da Madeira decorrem no domingo, com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco, o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.

O PSD sempre governou no arquipélago e venceu com maioria absoluta 11 eleições entre 1976 e 2015.