Nem sempre as coisas correm como queremos. Esta máxima ganha ainda mais força quando falamos de desporto, onde tudo é levado ao extremo e ganha ainda mais força. E pode perfeitamente aplicar-se a Caitlin Clark, jogadora da WNBA (principal liga feminina norte-americana de basquetebol) que foi apontada como uma das potenciais melhores atletas de sempre. Era ela e o resto, sendo que o resto está a ganhar ao “ela”.

Depois de se ter destacado no basquetebol universitário ao serviço da Universidade de Iowa, equipa na qual se tornou a jogadora com mais pontos da história da NCAA. Apesar dos sinais bastante animadores, a base de 22 anos acabou por não conseguir ter impacto imediato na WNBA. Mas apenas dentro de campo. Fora dele, as Indiana Fever precisaram apenas de cinco jogos para superar o total de espectadores alcançado a temporada passada (81.336), chegando aos 82.857.

A número um do último draft da Liga norte-americana tem, até ao momento, médias de 15,6 pontos por partida, 5,1 ressaltos, 6,4 assistências e 5,4 perdas de bola, números muito aquém do expectável. Clark é a quarta jogador com mais passes, mas está no topo da lista no que respeita a turnovers. Na mesma toada, é a segunda jogadora com mais triplos, mas em termos de acerto tem apenas 29,7%, perfilando-se na 44.ª posição. Ainda assim, foi recentemente eleita rookie (estreante) do mês da WNBA.

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Um dos fatores apontados para a falta de rendimento de Clark é a elevada carga competitiva das Fever neste início de temporada. A equipa de Indiana realizou 11 partidas em apenas 20 dias, apresentando-se como a única equipa nesta condição, contrariando os seis jogos das Las Vegas Aces, campeãs em título. Nesse sentido, as Fever estão no penúltimo lugar da Liga, com duas vitórias e nove derrotas.

Outro dado que tem saltado à vista nos jogos em que Caitlin Clark é a agressividade das rivais em lances sem bola. “Penso ‘Acalma-te e deixa o teu jogo falar, não deixes que elas entrem na tua cabeça’. Sinto que estou a sofrer muitas faltas. Sei que elas vão bater-me com força em todos os jogos, mas estou a tentar não deixar que isso me incomode”, afirmou Clark aos jornalistas. Nas 11 partidas, a base já foi sancionada com três faltas técnicas , duas por protestos e outra por se envolver num confronto com Victoria Vivians, jogadora das Seattle Storm.

Também Christie Sides, treinadora das Fever, se tem mostrado inconformada com a dureza que as rivais apresentam nos duelos com Clark. “Estou a tentar não ser multada. Continuaremos a enviar as jogadas para a Liga e espero que eles comecem a analisar melhor algumas das coisas que vemos. Estou feliz que Caitlin tenha lidado bem com isso. É difícil sofrer faltas e não ter lances livres a favor”, partilhou a técnica.

Alguns especialistas chegam mesmo a considerar que Clark está a ser vítima de atos de racismo, dado que algumas das suas adversárias são de origem afro-americana. Caitlin Clark tem todos os ingredientes para se tornar na melhor jogadora de sempre da WNBA. Até lá vai continuar a ser vítima do seu sucesso.