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O Bloco de Esquerda desafiou esta quarta-feira o Governo PSD/CDS-PP a reconhecer o estado da Palestina, insistindo que Portugal está a ser “cúmplice de um genocídio”, com o PSD a recusar a utilização do tema como “propaganda política” com objetivo eleitoral.

O conflito israelo-palestiniano foi o tema escolhido pelo Bloco de Esquerda para a sua declaração política, na Assembleia da República, com a deputada Marisa Matias a lançar o repto ao governo liderado por Luís Montenegro para reconhecer o estado da Palestina.

“Para haver solução de dois Estados é preciso que se reconheçam ambos, senão são só palavras ao vento”, criticou.

Para a bloquista, o governo israelita de Benjamin Netanyahu é responsável por uma “ocupação, genocídio, limpeza étnica” que tem a cumplicidades dos governos europeus, que mantém um acordo de associação com Israel.

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“Que nunca se confunda um regime colonial e sionista, como o do governo israelita, com o judaísmo e não se permita que as atrocidades e crimes cometidos pelo regime sionista possam alimentar discursos antissemitas. E que nunca se permita também que quem quer propositadamente fazer essa confusão a use como desculpa para não agir perante um genocídio em curso”, salientou.

Pelo PSD, o deputado Bruno Ventura começou por afirmar que o PSD “tem como ponto cardeal orientador da política externa o princípio da dignidade dos povos, liberdade, paz e segurança”.

“Mas há uma coisa que o PSD não faz: não utiliza este tema que é complexo, delicado, como tema de propaganda política para estimular qualquer tipo de audiência eleitoral”, criticou o social-democrata, que acrescentou estar em causa um “tema de Estado” no qual o PSD tem “mais do que proclamações, atos que refletem esse sentido de Estado”.

Bruno Ventura salientou que foi o anterior governo PSD/CDS-PP a reconhecer “em sede das Nações Unidas o estatuto de observador da Palestina” e o atual executivo que “em dois meses de mandato apoiou uma resolução ONU para reconhecer a Palestina como membro de pleno direito das Nações Unidas”.

O social-democrata defendeu a necessidade de uma “solução robusta” e salientou que “qualquer milímetro quadrado controlado na Palestina pelo Hamas é um milímetro onde não existem direitos das mulheres, onde a comunidade LGBT é destituída do direito à vida”, interrogando o Bloco de Esquerda sobre “que papel deve ter o grupo terrorista Hamas” na solução da paz.

Na resposta, Marisa Matias disse não se rever “nesse tipo de debate político nem de argumentário”, alegando estar em causa uma “vergonha coletiva de deixar um povo a ser assassinado”.

A bloquista salientou que não confunde o Hamas com a Autoridade Palestiniana e ressalvou que “Israel é um estado democrático mas “está a usar a punição coletiva para justificar uma coisa que é injustificável”.

Pelo PS, o deputado João Paulo Rebelo afirmou que se o PS fosse Governo neste momento em Portugal já teria reconhecido o estado da Palestina.

O socialista lamentou os reféns israelitas e rejeitou que as relações diplomáticas com Israel sejam cortadas.

A comunista Paula Santos, o deputado do Livre Rui Tavares e a deputada única Inês Sousa Real, manifestaram-se todos a favor do reconhecimento do Estado da Palestina de forma imediata. Já o liberal Rodrigo Saraiva considerou que está em causa “uma divergência de timing“, salientando que “não há fronteiras acordadas, não há um interlocutor, não há paz, nem paz negociada” e deixou uma pergunta.

“Reconhecer agora não seria começar a casa pelo telhado?”, interrogou.

Antes, a Iniciativa Liberal fez uma declaração política de defesa da liberdade de expressão e o Chega dedicou a sua intervenção às forças de segurança, acusando “Luís Montenegro candidato” de não partilhar da mesma opinião de “Luís Montenegro primeiro-ministro” sobre o subsídio de risco.

Na sua intervenção, o PSD, por Eduardo Oliveira e Sousa, apelou à criação de uma nova visão para a floresta e uma “visão arrojada sobre a água”, através de uma política sem a “demagogia que tem imperado” e obrigado “o país a perseguir o prejuízo em vez de continuamente alcançar resultados baseados no que está cientificamente provado”.

O Livre Rui Tavares lembrou o poeta Luís de Camões, cujos 500 anos do seu nascimento se celebraram no último 10 de junho, e assinalou também a morte de Alcindo Monteiro, cidadão cabo-verdiano assassinado por um grupo neonazi no mesmo dia em 1995, para lembrar que o nacionalismo é “inimigo da pátria e da nossa capacidade de convivência”.