Arrancou o Grupo D do Campeonato da Europa de 2024. O outro “grupo da morte”. Polónia e Países Baixos deram este domingo o pontapé de saída no agrupamento que é ainda composto por França e Áustria e prevê-se equilibrado e discutido até ao fim. Ainda que, no caso de polacos e neerlandeses, esse estatuto deve-se mais ao passado do que ao presente. Ainda assim, e devido à proximidade com a Alemanha, os adeptos dos dois países invadiram em grande número Hamburgo e deram espetáculo nas bancadas, embora a festa tenha ficado marcada pelo incidente que antecedeu a partida: a tentativa de ataque de ataque de um homem na fanzone dos Países Baixos que levou a polícia alemã a disparar para o neutralizar.

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Sem os dois principais pontas de lança e referências ofensivas — Lewandowski e Milik —, que se encontram lesionados, embora o avançado do Barcelona esteja presente na Alemanha, a tarefa das águias brancas não se perspetivava fácil para uma equipa que chegou ao Europeu pela via do playoff. E, daqui para a frente, a missão continuará difícil, dado que apenas por uma vez, em cinco presenças, a Polónia avançou para a fase a eliminar.

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Na mesma toada estava a laranja, que continua longe de ser a mecânica que chegou ao topo do futebol europeu no final da década de 80. Desde de 2008 que a equipa comandada por Ronald Koeman não consegue chegar aos quartos de final e, na Alemanha, a tarefa será igualmente difícil. Desde logo porque, nas semanas que antecederam a prova, o selecionador perdeu nomes importantes como De Roon, De Jong, Koopmeiners ou Timber.

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A partida deste domingo teve outra particularidade: Artur Soares Dias foi o árbitro escalado para o encontro, estreando-se, também, no Euro 2024. As equipas acabaram por não revelar nenhuma surpresa, com Michal Probierz a apostar em Buksa para render Lewandowski no ataque. Em sentido inverso, Ronald Koeman lançou Simons, Depay e Gakpo no ataque à baliza polaca, apostando num ataque móvel para desmontar a defesa adversária. Essa nuance quase colheu frutos no início da partida, mas o remate de Gakpo foi defendido por Szczesny (2′), antes de Reijnders (9′) desperdiçar.

Todavia, o estonteante início da laranja mecânica foi ofuscado pelos polacos, com Buksa a recompensar a aposta e a inaugurar o marcador, na sequência de um canto de Zielinski (16′). A equipa de Koeman continuou em busca do golo, mas Van Dijk (20′), Depay (22′) e Reijnders (27′) aumentaram a conta do desperdício. Contudo, depois de uma recuperação alta de Aké, Gakpo rematou à entrada da área, contou com o desvio em Salamon, e empatou o jogo (29′), materializando o domínio neerlandês. Até ao intervalo, o avançado do Liverpool voltou a desperdiçar (42′) e o empate manteve-se.

Na segunda metade, Probierz tentou reestruturar a sua equipa com três alterações, mas a superioridade neerlandesa continuou. Depois de Gakpo voltar a criar perigo no início (47′), Simons ficou perto de marcar (54′). A Polónia lá conseguiu acordar, obrigando Verbruggen a aplicar-se a remates de Kiwior e Zielinski (58′). O jogo continuou a um ritmo sensacional, com a bola a aparecer nas duas áreas, mas os golos tardaram em aparecer. Contudo, aos 83 minutos, Weghorst saltou do banco para fazer o golo da vitória na primeira vez que tocou na bola. As águias brancas ainda pressionaram até ao fim, mas a vitória não escapou aos Países Baixos.

A pérola

  • Há melhor pérola do Cody Gakpo? Autor do golo inaugural dos Países Baixos no Mundial do Qatar, em 2022. Autor do golo inaugural dos Países Baixos no Europeu da Alemanha, em 2024. Todos os golos que apontou ao serviço da laranja mecânica foram em jogos oficiais. Aos 25 anos, o avançado do Liverpool continua a ser decisivo, joga e faz jogar. Apesar de ter sido o elemento mais rematador da sua equipa, pecou na eficácia, fator que terá de mudar daqui para a frente se quiser aumentar a sua preponderância. Sai de Hamburgo como o que mais desperdiçou, mas também como o que mais criou. E promete não ficar por aqui.

O joker

  • Perante retranca defensiva da Polónia de Michal Probierz, Ronald Koeman leu bem o jogo e apostou num ataque móvel, com Gakpo, Depay e Simons, arriscando ao deixar no banco nomes como Weghorst ou Malen. A aposta até foi certeira. As oportunidades foram muitas, os golos foram escassos… até Weghorst entrar. O ponta de lança do Hoffenheim até entrou tarde na partida, mas a tempo de decidir. Está encontrada mais uma (boa) solução para Koeman.

A sentença

  • Começar a ganhar é sempre a melhor forma de entrar numa grande competição. No entanto, esta vitória acaba por estar aliada ao desperdício dos Países Baixos, que muito criaram ao longo de todo o jogo, mas só no fim conseguiram garantir o triunfo. O jogo tinha tudo para ser tranquilo, mas o mais importante é a conquista dos três pontos. Em sentido inverso, a Polónia está praticamente obrigada a vencer a Áustria na próxima jornada para continuar na luta pelo apuramento.

A mentira

  • Muito se especulou nos últimos dias sobre a presença de Lewandowski no Europeu, mas o que é certo é que, sem a grande referência, a Polónia conseguiu contrariar a chamada ‘Lewa-dependência’. Depois de ter feito os últimos três golos dos polacos em Europeus, o jogador do Barcelona sentou-se no banco devido a lesão, não foi utilizado e viu Buksa, o seu substituto, marcar na estreia. É certo que está longe do nível do companheiro de posição, mas mostrou que é uma solução válida.