A história de Fabián Ruiz na seleção de Espanha poderia ter terminado em junho de 2021. Na altura, no adiado Euro 2020, o médio ficou associado a um erro que deu o empate da Croácia nos descontos dos oitavos de final. Os espanhóis acabaram por seguir em frente, com dois golos marcados no prolongamento, mas Fabián Ruiz não voltou a merecer a confiança de Luis Enrique — e nem sequer voltou a ser convocado pelo então selecionador.

Mas tudo mudou com Luis de la Fuente. O médio do PSG voltou a ser presença habitual nas convocatórias e foi sem surpresa que surgiu na lista para o Euro 2024. Este sábado, no primeiro jogo da fase de grupos e novamente contra a Croácia, foi desde logo o melhor em campo e afastou os fantasmas: assinou uma assistência deliciosa para Morata, que abriu o marcador, e marcou um belo golo depois de tirar vários adversários da frente e rematar cruzado. “Se não se chamasse Fabián estariam a falar muito dele”, disse o selecionador espanhol na conferência de imprensa, mantendo a aposta incondicional no jogador.

Um Ruiz de la Prada que só sabe espalhar estilo pelo xadrez (a crónica do Espanha-Croácia)

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A história de Fabián Ruiz, porém, sempre foi de superação. Natural de Los Palacios, a mesma localidade de Sevilha onde nasceram Gavi e Jesús Navas, é o filho do meio de um casal com dificuldades financeiras que acabou por ter três filhos loucos por futebol: o irmão mais velho de Fabián, Alejandro, jogou quando era jovem, enquanto que a irmã mais nova, Yamila, também fez parte de equipas femininas. O agora jogador do PSG entrou na formação do Betis com apenas oito anos — e muito porque o clube sevilhano ofereceu um emprego à mãe, Chari, na lavandaria da Cidade Desportiva.

Começou por ser avançado, mas recuou no terreno aos 14 anos e depois de crescer 30 centímetros em seis meses, chegando perto dos 1,89 metros que tem atualmente. Estreou-se pela equipa principal do Betis em 2014, chegou a ser emprestado ao Elche e conquistou definitivamente a titularidade em 2017/18. Nessa altura, chamou a atenção de alguém: Davide Ancelotti, filho e adjunto de Carlo, apaixonou-se por Fabián Ruiz e aconselhou a contratação do médio no momento em que a equipa técnica assumiu a orientação do Nápoles. E o espanhol lá foi, trocando Sevilha por Nápoles a troco de 30 milhões de euros, naquela que é ainda a maior venda da história do clube.

A história de como o amor do filho de Ancelotti levou Fabián Ruiz para Nápoles

Ficou quatro anos, com utilização regular, e conquistou uma Taça de Itália. Em agosto de 2022, mudou-se para o PSG. Fez 37 jogos na primeira temporada, mas há pouco menos de um ano surgiu a notícia que poderia ter mudado tudo: Luis Enrique, o mesmo treinador que o tinha afastado da seleção, era o substituto de Christophe Galtier nos parisienses. Começou a época a jogar pouco, mas em dezembro pediu para falar com o treinador a sós e no gabinete e tudo mudou, com o El Mundo a garantir que Luis Enrique lhe disse que jogaria mais se fizesse “o que era pedido”. A partir desse momento, foi quase sempre titular, incluindo na Liga dos Campeões.

Discreto e sem grandes demonstrações de luxo ou riqueza, vive com a namorada e a cadela em Paris e partilha muitas fotografias a cozinhar, algo que vê como um hobbie. Ainda assim, tem um chef pessoal para manter a dieta e as restrições alimentares e também usa uma máquina de crioterapia para acelerar a recuperação.