A última época de chuvas em Moçambique, iniciada em outubro, afetou cerca de 240 mil pessoas, destruindo totalmente mais de 1.800 casas, segundo dados apresentados este sábado pelo Governo.

“Em todo o território nacional foram afetadas cerca de 240 mil pessoas, afetou mais 34 mil casas, mais de 5.000 parcialmente destruídas e cerca de 1.800 totalmente destruídas“, avançou o secretário permanente do Ministério dos Transportes e Comunicações, Ambrósio Sitoe, num encontro de parceiros ligados ao setor.

Acrescentou que “ao longo da época chuvosa 2023/2024 formaram-se na bacia do sudoeste do oceano Índico dez sistemas tropicais”, sendo que “dois atingiram a costa moçambicana, nomeadamente a tempestade tropical moderada Álvaro e a tempestade tropical moderada Filipo”, esta última com fortes efeitos em Inhambane e Maputo, sul do país.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

Este ano, o país continuou a registar fortes chuvas durante o mês de maio e parte de junho.

A última época de chuvas afetou particularmente Maputo, capital do país, com o presidente do conselho municipal, Razaque Manhique, a avançar neste encontro que foram afetadas pelas enxurradas 14.420 famílias, num total de 65.513 pessoas, provocando oito mortos e deixando 2.323 famílias desalojadas.

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“Não podemos nem queremos passar a vida a visitar águas pluviais estagnadas nos diversos distritos municipais da nossa cidade. Temos de buscar em conjunto soluções concretas, cientificamente válidas e definitivas para mitigar o impacto das mudanças climáticas no nosso país e na cidade de Maputo, capital, em particular”, apelou o autarca, no mesmo encontro.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já no primeiro trimestre do ano passado, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.

No final de setembro passado, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apelou para a preparação da população e das entidades para os previsíveis efeitos do fenómeno “El Niño” no país nos meses seguintes, com previsões de chuvas acima do normal e focos de seca.