O presidente do Chega considerou esta segunda-feira que o primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro, “está mais preocupado em atacar” o seu partido do que em governar e acusou sociais-democratas e socialistas de “distribuírem cargos”.

Em declarações aos jornalistas na sede do Chega, em Lisboa, André Ventura afirmou que “Luís Montenegro está mais preocupado em atacar politicamente os seus adversários, está mais preocupado em atacar politicamente o Chega, do que propriamente em governar”.

O presidente do Chega reagia às declarações do presidente do PSD, Luís Montenegro, que no domingo apelou ao PS e ao Chega para se “preocuparem menos em juntar-se um com o outro”, mas antes para se juntarem ao Governo para “decidir bem” sobre as necessidades dos portugueses.

Luís Montenegro desafia PS e Chega a “juntarem-se ao Governo”

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André Ventura acusou o Governo de, sucessivamente, “apresentar medidas de cartaz, medidas de propaganda, sem nunca dizer quando as vai implementar, quando as vai executar ou como vai calendarizar”.

O líder do Chega considerou que “é uma corrida para umas eleições que o primeiro-ministro acha que serão a breve trecho e que leva a que, de forma desesperada, todos os dias sejam apresentadas medidas sem qualquer calendarização, materialidade ou execução, ou às vezes com cópia direta das medidas dos outros partidos”.

“Senhor primeiro-ministro, não é assim que lá irá, não é assim que conseguirá uma grande base de apoio para continuar a governar. E não é a atirar areia para os olhos dos portugueses que essa governação vai ser bem-sucedida, é a tomar decisões, levar a cabo medidas e fazer as reformas que o país precisa”, defendeu.

O presidente do Chega afirmou também que o que se tem “visto na governação do país nos últimos meses é o contrário do que diz o primeiro-ministro, é o PS e o PSD conluiados, ligados, para distribuírem cargos entre si, quer no parlamento, quer no Governo”.

O líder do Chega reiterou que o seu partido apoia propostas se considerar que são boas para os portugueses, independentemente do partido proponente, e referiu que tanto vota ao lado de PS, como de PSD. E deu como exemplo as medidas do partido para a imigração, indicando que “foi o PS e o PSD que se juntaram para que fossem inviabilizadas”.

Questionado sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano, o presidente do Chega considerou que “é muito difícil, ainda por cima num cenário em que o Chega tem de votar a favor e não apenas limitar-se a olhar para o projeto, que venha a ser aprovado sem um acordo alargado de governação”.

“Mas o Chega sempre este disponível para esse acordo alargado de governação. Se há aqui algum causador de instabilidade foi o senhor primeiro-ministro ao rejeitar permanentemente essa possibilidade”, acusou, considerou que “essa é agora uma questão que o PS tem de decidir, se quer apoiar o orçamento e as medidas do governo do PSD”.

Nesta conferência de imprensa, André Ventura foi questionado também sobre a situação política na Madeira e a reunião com o Governo Regional com o objetivo de tentar consensualizar proposta para o novo programa do executivo, e disse que o Chega “não podia furtar-se ao diálogo”, porque considera que “vale sempre a pena”.

O presidente indicou que o partido vai continuar a insistir na saída de Miguel Albuquerque, condição que coloca para viabilizar o programa do governo.

Questionado sobre a posição do Chega caso o presidente do Governo Regional não deixe o cargo, André Ventura disse não fazer garantias pela estrutura regional do partido, lembrando que tem autonomia, mas insistiu que a “indicação nacional será sempre com Miguel Albuquerque, não”.

“Eu vejo difícil que esse apoio exista [dos deputados regionais do Chega] enquanto Miguel Albuquerque subsistir”, acrescentou, indicando só ver essa possibilidade “num cenário de absoluta necessidade, de absoluta instabilidade e caos”.