O presidente da Câmara do Porto reforçou esta terça-feira a necessidade de existir policiamento gratificado na Movida, zona onde se concentram a maioria dos estabelecimentos de diversão noturna, adiantando que quer discutir esse tema com a ministra da Administração Interna.

À margem da reunião privada do executivo, o presidente da câmara, o independente Rui Moreira, adiantou que aguarda que a ministra marque uma nova reunião, depois de a anterior ter sido desmarcada.

Questionado sobre o tiroteio que decorreu na madrugada de São João no bairro do Lagarteiro, Rui Moreira destacou, novamente, a existência de um problema de segurança.

“O Relatório Interno de Segurança demonstra que a criminalidade em Portugal em 2023 aumentou“, referiu.

Além da falta de policiamento na rua, o autarca destacou que outro dos problemas passa pela desistência das pessoas em apresentar queixa, sobretudo quando se tratam de crimes menores.

“Aquilo que nos é reportado é que o número de incidentes, por exemplo assaltos a automóveis, aumentou exponencialmente, a não ser que a população esteja a imaginar. A prova de que não é um sentimento de perceção é que há alguns anos, quatro ou cinco, não encontrávamos polícia no supermercado”, indicou.

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Para Rui Moreira, era preferível que esses polícias estivessem nas ruas, bem como na zona da Movida do Porto.

Videovigilância no Porto permitiu preservar imagens sobre 910 processos-crimes

“É um dos assuntos que irei levar à Sra. Ministra, porque é que pode haver policiamento gratificado nas obras do metro, num supermercado e não pode haver policiamento gratificado, quando as pessoas o querem pagar, na Movida, onde temos tido fatores de insegurança objetivos, apesar das câmaras de vigilância“.

Instalada há um ano na baixa do Porto, a videovigilância permitiu preservar imagens relacionadas com 910 processos-crime, 592 dos quais este ano, revelou à Lusa o Comando Metropolitano do Porto, para quem o sistema tem sido “extremamente vantajoso”.

Também aos jornalistas, o vereador Alberto Machado, do PSD, disse estar preocupado com a falta de recursos da PSP no Porto e com as notícias quase diárias sobre criminalidade e insegurança.

Rui Moreira admite existir “um fortíssimo” sentimento de insegurança no Porto

“Isso é algo que só se combate com um planeamento estratégico que leve a que haja a possibilidade de colocar mais efetivos nas ruas e na nossa cidade. Isso não se faz de um dia para o outro, é preciso formar agentes e que os cursos não fiquem tão vazios como têm acontecido”, afirmou, defendendo a necessidade de existir um polo de formação da escola de polícia no Porto ou região Norte.

Em maio, os presidentes das câmaras do Porto e de Lisboa defenderam a necessidade de o efetivo da PSP e da Polícia Municipal ser reforçado nas duas cidades, onde afirmaram ter existido um decréscimo da sua visibilidade.

No Porto existem atualmente 200 elementos afetos à Polícia Municipal, mas o seu contingente deveria ser de 300 efetivos.

“Sabemos que o anterior ministro da Administração Interna anunciou que iria haver um reforço de efetivos, mas até agora não conhecemos o cronograma e estamos à espera que este Governo nos anuncie qual é o cronograma possível”, referiu o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.