Para uns, melhor era impossível. Para outros, pior era difícil. Munique recebeu mais uma partida dos oitavos de final deste Campeonato Europeu, entre um primeiro classificado e um terceiro classificado da fase de grupos. Ainda que a história pudesse dizer o contrário, a Roménia terminou no topo do Grupo E, ao passo que os Países Baixos foram terceiros no Grupo D.

À partida para este desafio, os tricolorii estavam em grande forma. Começaram o Europeu com uma goleada (3-0) ante a Ucrânia, perderam com a Bélgica (2-0), mas recuperaram diante da Eslováquia e carimbaram o primeiro lugar do grupo (1-1). Com esse apuramento, a seleção romena regressou à fase final de um Europeu 20 anos depois da última presença. Sem o lateral Bancu, Edward Iordanescu estava obrigado a mexer na equipa.

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Do outro lado estava a laranjauma das candidatas a conquistar o Europeu. Contudo, a fase de grupos esteve longe de ser brilhante, e o terceiro lugar deixava antever o pior. Veerman foi substituído aos 35 minutos do jogo frente à Áustria (derrota por 2-3) e foi um dos principais focos de conversa nos últimos dias. Xavi Simons foi apontado ao onze, pelo que Ronald Koeman podia regressar ao 4x2x3x1 dos primeiros jogos.

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Na Roménia, a revelação do onze inicial confirmou a mudança que se perspetivava, mas também a saída de Coman e a entrada de Man. Nos Países Baixos, Koeman regressou mesmo ao 4x2x3x1, apostando em Dumfries, Bergwijn e Simons. Com a bola a rolar no relvado da Allianz Arena, os romenos entraram bem na equipa, pressionando a primeira fase de construção dos neerlandeses. Contudo, o primeiro remate pertenceu aos neerlandeses, com Simons a atirar de longe para as mãos de Nita (6′). Na resposta, Man atirou cruzado, ligeiramente por cima (14′).

A partir dessa ocasião, os neerlandeses assumiram o controlo do jogo e, perante a pressão menos intensa dos romenos, instalaram-se no ataque. Quem aproveitou essa nuance foi Simons, que encontrou Gakpo solto na esquerda, e o avançado do Liverpool, num excelente momento individual, atirou para o golo (20′). laranja continuou por cima e, na sequência de um canto, De Vrij ficou perto de dilatar a vantagem (26′). Pouco depois, Dumfries cruzou, mas Dragusin cortou o lance antes de Depay encostar (31′). A fechar a primeira parte, Simons apareceu em posição, mas pecou na hora da finalização (44′), e Dragus atirou em arco para as mãos de Verbruggen (45+2′).

Na segunda metade, a grande novidade foi a entrada de Malen, com Koeman à procura do jogo interior. A alteração pouco ou nada mudou o desafio, já que a laranja continuou a controlar o jogo e a tentar, a espaços, atacar a baliza tricolorii. Numa dessas ocasiões, Dumfries encontrou Depay solto de marcação no interior da área, mas o avançado, com tudo para marcar, atirou contra Ratiu (54′). Pouco depois, Van Dijk ganhou nas alturas na sequência de um canto e cabeceou em cheio ao poste esquerdo da baliza romena.

Os neerlandeses continuaram a carregar em busca do golo da tranquilidade e, através de mais uma arrancada de Gakpo, Nita voltou a negar o golo (62′). Porém, na jogada seguinte, o jogador do Liverpool colocou mesmo a bola no interior da baliza, só que o golo foi invalidado por fora de jogo (64′). Depay tentou de livre, mas estava mesmo em dia não e a bola saiu ligeiramente ao lado (68′). Veerman colecionou nova oportunidade, embora o desfecho tenha sido o mesmo (73′). Na reta final, Gakpo voltou a destacar-se, não deixou a bola sair e serviu Malen para o golo do triunfo (83′). Pouco depois, Malen teve espaço para arrancar em direção à baliza, passou por um opositor e atirou rasteiro para o 0-3 final (90+3′).

A pérola

  • Começam a faltar as palavras para descrever Cody Gakpo. É claramente o melhor jogador dos Países Baixos neste Campeonato da Europa, depois de já o ter sido no Campeonato do Mundo do Qatar. Diante da Roménia, o avançado do Liverpool foi o desbloqueador e o elemento em maior evidência. Foi através de dois momentos de inspiração seus que os neerlandeses garantiram o apuramento para a próxima fase.

O joker

  • Donyell Malen saltou do banco para dar mais presença na área à equipa neerlandesa e acabou por oferecer mais… eficácia. Apesar de não ser uma das primeiras escolhas de Ronald Koeman, sai de Munique com a confiança reforçada e, quiçá, perto de conquistar um lugar no onze inicial.

A sentença

  • Os Países Baixos estão nos quartos de final e têm o caminho para a meia-final a seu favor. Depois de eliminarem a Roménia, os neerlandeses vão agora defrontar Áustria ou Turquia na próxima fase. Apesar de Inglaterra ser o maior “tubarão” do seu lado do quadro, a presença neerlandesa na final é um cenário perfeitamente plausível.

A mentira

  • Muita criação, pouco discernimento na finalização. Onde é que já vimos isto? À semelhança de Portugal, os Países Baixos também se podem queixar de si mesmos por não terem conseguido garantir o apuramento para os oitavos de final mais cedo. Com tanta qualidade no ataque e muitas ocasiões criadas, apesar da goleada, o resultado peca por escasso e os baixos níveis de eficácia podem revelar-se fulcrais noutros encontros.