A Câmara Municipal de Lisboa (CML) esclareceu esta sexta-feira que está a realizar obras de intervenção nas zonas do cemitério de Benfica que a Junta de Freguesia, após “dezenas e dezenas” de queixas de cidadãos, alegou estarem ao abandono.

O presidente da Junta, Ricardo Marques (PS), exigiu esta sexta-feira  a intervenção “rápida e urgente” da CML devido à situação de abandono de parte do cemitério, num cenário que considerou “dantesco”, e devido ao qual recebeu nos últimos meses “dezenas e dezenas” de queixas de cidadãos.

O autarca de freguesia visitou o espaço, cuja manutenção é da competência da CML, e sustentou, inclusive com imagens, que se veem campas partidas, restos de jazigos espalhados, arruamentos com buracos nos pavimentos e até placas com o nome de pessoas espalhadas e partidas pelo chão, além de “ervas até à altura do joelho”, que não permite “distinguir as campas umas das outras”.

Em reposta à Lusa, a CML esclareceu que “não abandonou o cemitério de Benfica” e salientou que as imagens que a junta de freguesia partilhou nas suas redes sociais ilustram “na realidade secções que estão a ser intervencionadas pelos serviços camarários”.

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Sublinhando que “tem sido uma preocupação constante da CML o bom estado e limpeza dos vários cemitérios da cidade”, a autarquia realçou que “existe um contrato de manutenção que, conjuntamente com os trabalhadores do cemitério, assegura a normalização do estado de conservação das secções de enterramento” e ainda que “promoveu recentemente a abertura” de um concurso para admissão de 30 coveiros, “para reforço da manutenção dos cemitérios”, e que se “encontra em fase de conclusão”.

De acordo com a CML, no cemitério de Benfica estão a ser realizadas intervenções nas secções de enterramento temporário, para retirar “todos os materiais pétreos e respetivas sapatas das sepulturas, muitas delas abandonadas pelos familiares há algum tempo”.

Segundo a Câmara, existe “a expectativa da breve conclusão quanto à remoção das sapatas [estruturas em cimento] nas secções em causa”, um processo que “é relativamente moroso”, já que “são transportadas manualmente para os limites das secções para posterior encaminhamento como resíduo”.

Noutras situações, em que já não existem sapatas, o procedimento “exige um nivelamento do terreno com recurso a equipamento mecânico”, explicou a CML.

A autarquia realçou também que, antes do início dos trabalhos de desmarcação de secções, “são sempre colocados avisos junto das mesmas”.

Em relação às queixas da existência de ervas de altura considerável, a CML alegou que “não utiliza herbicida com ‘glifosatos'”, o que, “associado à instabilidade climatérica das últimas semanas, tem sido fator que contribuiu para que nesta altura haja mais infestantes do que o normal para a época”.

Segundo o ‘site’ da Câmara Municipal de Lisboa, o cemitério de Benfica foi construído em 1869, servindo as paróquias de Benfica e de Carnide. Até à construção do cemitério da Amadora, serviu também esse município.

Entre os túmulos do cemitério de Benfica estão os dos poetas Alexandre O’Neill e Delfim Guimarães, do maratonista Francisco Lázaro e do hoquista António Livramento, assim como o jazigo do Padre Cruz, ponto de romaria de muitos devotos.