O presidente da Iniciativa Liberal (IL) considerou esta segunda-feira que a ministra da Saúde tem revelado “alguma dificuldade de gestão política” e tem, “ela própria”, criado alguns “incidentes”, e exigiu maior foco nas soluções.

“A senhora ministra [da Saúde] tem revelado, em alguns momentos, alguma dificuldade de gestão política. Tem criado, ela própria, alguns incidentes e, portanto, eu diria que a senhora ministra eventualmente se deveria focar mais nas soluções”, disse Rui Rocha, questionado sobre o trabalho desenvolvido por Ana Paula Martins.

O líder da IL, que falava aos jornalistas em Faro, após uma reunião com a administração da Unidade Local de Saúde do Algarve, reconheceu que os problemas no setor “são difíceis”, que as soluções preconizadas “não são de curto prazo” e que “isso deve ser dito aos portugueses”.

“É preciso focar em soluções estruturais e creio que devia ser esse o foco da senhora ministra. Quando ela depois se envolve no dia a dia nestas questões, tem versões contraditórias, se pronuncia de forma, às vezes, pouco cuidadosa sobre determinados temas, parece-me que não está a contribuir para as soluções nem está focada nas soluções, está focada na gestão do dia a dia. E isso prejudica a ela própria, prejudica o Governo e, na verdade, não resolve nenhum problema aos portugueses”, sustentou.

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Instado a comentar a atual situação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Rui Rocha salientou que “é uma enorme preocupação” e que a sua gestão política “é muito preocupante, nesta altura”.

“Nós temos tido sucessivos problemas com o INEM, com as próprias direções do INEM, com demissões, com pessoas que iniciam funções e se demitem pouco tempo depois. Hoje temos declarações da senhora ministra que, no fundo, retrocedem relativamente à primeira explicação e acabam por ser uma assunção de que não é possível colocar o INEM a funcionar como deve ser em pouco tempo”, frisou.

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Em relação aos problemas na área da saúde no Algarve, Rui Rocha assegurou que as preocupações “são óbvias, são permanentes”, e que o “conjunto alargado de questões” que afligem a região “só são resolúveis” com a construção de um novo hospital e com a capacidade de atração de mais profissionais.

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“Eu creio que está a ser feito um enorme esforço pelos profissionais de saúde no Algarve, pelas administrações, pelas equipas, mas não é possível fazer milagres”, observou, declarando que “vai ser mais um ano difícil no Algarve, obviamente”.

A ministra da Saúde disse esta segunda-feira compreender o recuo de Vitor Almeida, que tinha aceitado presidir ao INEM, e reconheceu que as exigências feitas eram “razoáveis” mas que o Governo não podia garantir “de um dia para o outro”.

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“Nós compreendemos que a situação em que o INEM está pode levar a algumas exigências que o Dr. Vitor Almeida fez, que são perfeitamente razoáveis, mas que, em boa verdade, não podemos de um dia para o outro garantir que o INEM, em dois ou três meses, consegue reconstruir-se de maneira a dar resposta” ao que o responsável pretendia, afirmou Ana Paula Martins.

O médico Vitor Almeida tinha sido convidado para a presidência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) — depois da demissão de Luís Meira, na sequência da polémica com o contrato dos helicópteros de emergência médica — e tinha aceitado numa primeira fase. Depois, acabou por recuar, revelando que o Governo não respondeu positivamente às exigências que fez.