A ministra da Saúde mostrou-se esta segunda-feira disponível para ouvir os cerca de 600 médicos que assinaram uma carta aberta a apelar a um acordo nas negociações e manifestou abertura para uma aproximação “dentro do que é realista”.

As negociações são isso mesmo. Cada vez que damos um passo de aproximação tentamos encontrar soluções”, disse a ministra, acrescentando que o Ministério da Saúde está disponível para se aproximar “dentro daquilo que é realista e com as possibilidades que tem” face às exigências dos médicos.

Numa carta aberta divulgada no sábado, cerca de 600 médicos expressaram a sua indisponibilidade para fazer mais horas extraordinárias, além das previstas na lei, caso não haja acordo com os sindicatos nas negociações.

A intenção da carta é alertar a senhora ministra de que nós, médicos, estamos vigilantes, estamos atentos, a tudo o que se está a passar em termos de negociações com os sindicatos e que temos linhas vermelhas que ela já conhece e que são exatamente as mesmas do ano passado”, disse à agência Lusa Helena Terleira, do movimento Médicos em Luta, promotor da iniciativa.

Na carta aberta, os médicos afirmam que vão fazer valer o seu “direito legal de não fazer mais do que as 150 ou as 250 horas extra“, conforme esteja no regime normal ou dedicação exclusiva nos serviços de urgência, caso as negociações que estão a decorrer não cheguem “a bom porto”.

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Consideramos que, de facto, é a única medida que nos resta, uma vez que até agora, infelizmente, não tem havido avanços na negociação com os sindicatos”, disse Helena Terleira.

Esta segunda-feira, em declarações aos jornalistas depois de visitar a Unidade de Saúde Familiar Inovar, em Corroios (Seixal), Ana Paula Martins valorizou esta missiva afirmando: “Já estamos a encontrar um momento para nos podermos reunir com os representantes destes 600 médicos”.

Manifestou disponibilidade para uma aproximação “realista” face às possibilidades do Ministério da Saúde, explicando: “Estamos a falar, essencialmente, daquilo que são as avaliações médicas e as próprias tabelas salariais e, por isso, estamos sempre muito abertos a continuar a conversar“.

Questionada sobre a greve convocada pela Federação Nacional dos Médicos para 23 e 24 de julho, a governante respondeu: “É uma forma de luta e nós respeitamos. Preferíamos que ela não acontecesse, naturalmente, mas compreendemos perfeitamente”.

Federação dos médicos avança com greve nacional a 23 e 24 de julho