O Presidente de França, Emmanuel Macron, disse, esta terça-feira, que apenas haverá um novo governo na Assembleia Nacional após o fim dos Jogos Olímpicos, que se realizam em Paris até “meados de agosto”: “Um novo primeiro-ministro será nomeado a partir dessa altura”. Numa entrevista ao canal de televisão France 2, o Chefe de Estado recusou ainda o nome proposto pela Nova Frente Popular, o da economista Lucie Castets.

Para Emmanuel Macron, “seria errado” dizer que a Nova Frente Popular — a coligação de esquerda composta por socialistas, a Frente Insubmissa, comunistas e ecologistas — tem uma “maioria”. “A questão é que maioria pode surgir na Assembleia Nacional, para que um governo francês possa aprovar reformas, um orçamento e fazer o país avançar.”

O Presidente francês argumentou que nenhum dos partidos que concorreram a estas eleições “pode aplicar o seu programa”, dado que nenhum venceu com maioria absoluta. Para Emmanuel Macron, é importante que todos os grupos parlamentares saibam chegar a “compromissos” e ultrapassar impasses, pedindo que “trabalhem juntos durante o verão”.

De acordo com o líder francês, é importante replicar a “frente republicana”, formada entre macronistas e a esquerda para derrotar a União Nacional (RN) na segunda volta das eleições legislativas, nas negociações para eleger um primeiro-ministro. A responsabilidade destes partidos é “imensa”, sublinhou. Ainda assim, Emmanuel Macron admitiu que o seu partido, o Renascença, foi um dos derrotados destas eleições, mas realçou que “ninguém ganhou”.

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Tal como tinha feito no passado, Emmanuel Macron recusou demitir-se: “Os franceses deram-me mais um mandato. Vou assumi-lo na plenitude”. Olhando para o futuro, o líder francês deseja que não ter de dissolver a Assembleia Nacional daqui a um ano. “Se as forças que conseguirem alcançar a maioria quiserem estabilidade, não haverá dissolução”, garantiu.

Na entrevista, o líder francês deixou ainda críticas aos deputados de esquerda que recusaram cumprimentar Flavien Termet, o deputado da União Nacional de 22 anos. “Não é algo bom, mas temos de respeitar”, lamentou o Presidente.

Emmanuel Macron abordou ainda os Jogos Olímpicos e disse que organizá-lo é uma uma “lição de vida”. Deu ainda detalhes sobre a cerimónia de abertura, que confirmou que se realizará no rio Sena,que mostrará uma “França orgulhosa de contar a sua história”. “Haverá um grande número de artistas que contarão a história francesa, que é uma história universal.”

O Presidente francês reconheceu ainda que seria uma “notícia incrível” se a cantora canadiana Céline Dion, que está em Paris, pudesse atuar na cerimónia de abertura.

Além disso, Emmanuel Macron sinalizou que os Jogos Olímpicos podem servir como uma espécie de “metáfora” para a “atual situação política” em França: “Os líderes políticos, quaisquer que sejam as suas divergências, disseram a si próprios que [este evento] é do interesse do país”.