Se os níveis de euforia na capital francesa já estavam elevados, com uma receção apoteótica por parte dos fãs, a cereja seria servida pouco mais tarde. Depois de anunciar que sofre da doença da pessoa rígida, que causa espasmos involuntários e quase a estrangula ao cantar, Céline Dion regressou em grande, para entoar, do 1.º andar da Torre Eiffel, L’Hymne à l’amour”, de Edith Piaf. A voz dispensa apresentações, mesmo depois das batalhas recentes, mas vale a pena apresentar o look com que a estrela atuou, com um detalhe, e brilho, digno do momento.

“Mais de 500 metros de detalhes com franjas, habilmente cravejados com milhares de contas de prata, realçam os contornos do corpo da estrela, revelando a prodigiosa perícia perpetuada pela maison por dimensões deslumbrantes que balançam com o virtuosismo de excelência do atelier”, descreve a Dior nas suas redes sociais no rescaldo da cerimónia de abertura, guiando um pouco os seguidores pelos bastidores da atuação. Com o dedo criativa de Maria Grazia Chiuri, o vestido brilhante, que segundo a Vogue francesa levou mais de mil horas a ser executado, sela a colaboração com a marca que pautou toda a semana.

Ainda na sexta-feira, antes do grande momento junto ao Sena, a cantora era vista a sair do hotel num registo fiel à logomania, com um conjunto desportivo da mesma marca. Nas imagens partilhadas pela Dior é possível vê-la ainda num outro estilo, agora bem mais clássico, com um vestido preto da maison e respetivos sapatos sling back.

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É aliás com este look que a vemos ainda a navegar pela história e criações da etiqueta de alta-costura criada em 1946 pelo designer gaulês Christian Dior. E sentada descontraidamente no chão, provavelmente entre provas, frente a uma pizza. Entretanto, e depois da chuva de elogios (e de uma publicação sobre a atuação que soma mais de 4 milhões de likes), a cantora já se despediu de Paris.

Parceira premium de Paris 2024, a Dior deixou outras marcas ao longo da extensa cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, uma celebração orquestrada pelo Diretor Artístico Thomas Jolly, contada através de doze cenas oníricas que envolveram a Cidade Luz. Coube à marca vestir cinco desses quadros. “Para criar este conto de fadas, as oficinas de 30 Montaigne passaram vários milhares de horas bordando, missanga após missanga, costurando e montando, com infinita meticulosidade, as arquiteturas dos sonhos que são cada uma das silhuetas da Dior que encantaram este evento sem precedentes.”, assinalam em comunicado.

Para a história, e para os arquivos da maison, passam assim o quadro de abertura liderado por Lady Gaga, bem como os seus dez dançarinos, que interpretou o icónico Mon truc en plumes, em homenagem à estrela do balet francês Zizi Jeanmaire. De resto, em 1947, o pai do New Look trataria da cenografia e guarda-roupa de um dos primeiros espectáculos do coreógrafo Roland Petit, seguindo-se outras colaborações.

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Christian Dior por volta de 1947. O designer faria o guarda-roupa e cenografia do espectáctulo do coreógrafo Roland Petit no teatro do Champs-Elysees. Na imagem, com a dançarina Nathalie Philippart © Getty Images

De volta aos Jogos, também Aya Nakamura e os seus seis dançarinos deram vida ao dourado icónico da Dior, e milhares de penas foram aplicadas uma a uma à mão, como uma segunda pele. A interpretar “A Marselhesa”, no telhado do Grand Palais, Axelle Saint-Cirel usou um vestido Dior com mais de 8 metros de comprimento — com o vestido a começar na bandeira e a bandeira a tornar-se um vestido. Para este espetáculo foi acompanhada da ponte Alexandre-III por um coro feminino, todas vestidas com peplums também reinventados por Maria Grazia Chiuri.

Além da Dior, que em maio, em contagem decrescente para os Olímpicos, nomeava 15 novas embaixadoras femininas da marca, também a Louis Vuitton e a Young Creators ficaram a cargo de boa parte do guarda-roupa eleito para a cerimónia.