O Porto e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) assinaram esta terça-feira um protocolo de 1,5 milhões de euros para construir bacias de retenção no jardim Paulo Vallada e a requalificação da ribeira da Granja, visando controlar cheias e inundações.

“Na ribeira da Granja, entre a Estrada da Circunvalação e a Quinta do Rio, nós vamos fazer algo que é ambicionado pela população do Porto já há muito tempo. A população há muito que deseja que a ribeira da Granja esteja à disposição”, disse na cerimónia de assinatura o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo.

De acordo com também presidente da Águas e Energia do Porto, haverá, ao longo da ribeira da Granja, “um caminho pedonal e ciclável” e uma recuperação das suas margens, bem como algumas bacias de retenção de águas.

A ribeira da Granja ficará assim toda reabilitada, juntando-se ao troço já intervencionado.

Quanto ao jardim Paulo Vallada, situado entre a Avenida Fernão de Magalhães e a Rua de Santos Pousada, a modelação de terreno proposta “vai permitir que em dias de eventos extremos” seja possível “reter a maioria dessa água e conseguir diminuir“, sem resolver totalmente, “um pouco do problema da cascata do ribeiro do Poço das Patas“, que desagua na Avenida Gustavo Eiffel e no rio Douro.

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O ringue de futebol do jardim será rebaixado, proporcionando uma espécie de duas bancadas naturais, funcionando também como “uma bacia de retenção”, explicou Filipe Araújo aos jornalistas.

Ambas as empreitadas têm duração prevista de 240 dias, estando a primeira (jardim Paulo Vallada) com arranque previsto para setembro e a segunda (ribeira da Granja) para o primeiro trimestre do próximo ano.

Para o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, são “dois projetos importantíssimos” para a “política de adaptação às alterações climáticas, de promoção de biodiversidade e da melhoria da qualidade ambiental da cidade”.

Segundo o autarca independente, “é essencial para os municípios este tipo de protocolos”, pois “sem o apoio do Estado o poder local dificilmente terá músculo financeiro para desenvolver políticas ambientais de grande escala e de grande alcance”.

Já a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, salientou que são “dois investimentos muito importantes” para a cidade, visando não só a componente ambiental mas também “a segurança da população”.

“Como nos recordamos […], em janeiro de 2023 o rebentamento de uma tubagem desta ribeira [Poço das Patas], na sequência de fortes chuvadas, provocou graves inundações no Bairro da Ilha dos Moinhos”, lembrou a governante.

Maria da Graça Carvalho enalteceu a “visão que engloba a recuperação dos solos, a criação de espaços verdes, de ver a cidade como um todo e uma cidade que preza o ambiente”.

Na fase de perguntas aos jornalistas, uma ativista do movimento “Salvar a Ribeira”, Maria João Carvalho, criticou o investimento da APA na requalificação da ribeira da Pucariça, em Abrantes (distrito de Santarém), acusando a estrutura de transformar “paisagens bonitas” em “valas de sete e 10 metros de largura”.

A ativista pediu à ministra, que se encontrava ladeada pelo vice-presidente da APA Pimenta Machado, que aproveitasse a deslocação que hoje fará a Tomar para ir também a Abrantes ver a obra.