A CP refutou esta sexta-feira o que classificou de “acusações infundadas” da Lohad quanto à autoria do Comboio Presidencial, após a empresa ter anunciado que iria dar entrada com um processo de dois milhões de euros por usurpação do projeto.

Lohad pede 2 milhões de euros em tribunal à CP, FMNF e Chakall por causa do Comboio Presidencial

“A CP — Comboios de Portugal tomou conhecimento, através da comunicação social, que a empresa Lohad, através do senhor Gonçalo Castel-Branco, terá enviado um comunicado à imprensa onde, entre insinuações, acusações e falsidades, anunciou ter processado a CP relativamente ao projeto Comboio Presidencial“, refere num comunicado a empresa ferroviária.

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A transportadora adianta que ainda não foi notificada de qualquer processo e esclarece que “nunca teve qualquer parceria ou qualquer relação comercial com a Lohad“, mas sim com a empresa Trajetórias & Melodias, também do empresário Gonçalo Castel-Branco.

“O único processo judicial existente é uma ação interposta pela CP contra a Trajetórias & Melodias, Lda., visando cobrar um valor em dívida desde outubro de 2022”, refere a transportadora, acusando a Lohad de “desviar atenções, criar ruído mediático e confundir a opinião pública”.

Na quarta-feira, a Lohad, antiga empresa dinamizadora do comboio presidencial, disse ter dado entrada com uma ação em tribunal em que pede dois milhões de euros à CP, Museu Nacional Ferroviário e ao chef Chakall, por usurpação e destruição do anterior projeto.

“A Lohad perseguirá todos os meios legais para ver ressarcidos não só os prejuízos reputacionais como os lucros cessantes, num valor de dois milhões de euros — valor que naturalmente deverá crescer caso o projeto CP/Museu/Chakall tenha continuidade”, pode ler-se num comunicado enviado às redações.

Esta sexta-feira, a CP refere que “sempre se pautou pela inovação nos seus produtos e serviços, orgulhando-se de nunca ter comprometido ou usurpado o património intelectual de terceiros”.

A empresa liderada por Pedro Moreira reitera ainda o que já tinha referido em novembro de 2023, quando surgiu a primeira contestação da Lohad ao Comboio Presidencial, destacando que “a ideia de comboios que proporcionam experiências gastronómicas não é nova nem exclusiva”.

“Tais produtos existem em vários países do mundo e são uma parte estabelecida da oferta turística de várias operadoras ferroviárias, incluindo cerca de uma dezena de exemplos em Espanha”, acrescenta.

A CP “refuta categoricamente todas as acusações feitas pela empresa Lohad e pelo senhor Gonçalo Castel-Branco”.

Também o chef Chakall, em resposta à Lusa, refere que ainda não foi “notificado de qualquer processo”, recusando comentá-lo, mas disse que “só alguém com muita imaginação, desconhecimento ou má-fé pode afirmar” o que foi veiculado pela Lohad.

“Sobre a qualidade do serviço no Comboio Presidencial, nome oficial do comboio, convido-vos a falarem com quem viajou em algumas das viagens que já fizemos ou então a fazerem uma viagem para tirarem as próprias conclusões”, aponta ainda.

Já o presidente da Fundação do Museu Nacional Ferroviário, Manuel de Novaes Cabral, disse à Lusa também não ter ainda “informação nenhuma” sobre qualquer processo. “Não é a primeira vez que aparecem notícias a respeito de ações ou processos”, veicula.

O novo projeto, que arrancou em março deste ano, sucedeu ao da Lohad, The Presidential Train, cuja última viagem tinha ocorrido em outubro de 2022.

O comboio original remonta ao Comboio Real de 1890, tendo atravessado a monarquia, a 1.ª República e o Estado Novo com diferentes configurações, tendo como função oficial o transporte dos chefes de Estado. O último serviço oficial remonta aos anos 70 do século XX, ainda antes do 25 de Abril.