A líder da oposição venezuelana denunciou esta terça-feira uma “campanha de terror” no país, num contexto de detenções em massa nas manifestações contra a contestada reeleição de Nicolas Maduro e críticas deste contra as redes sociais.

“Querem intimidar-nos para que não comuniquemos porque, se estivéssemos isolados, seríamos muito mais fracos. E isso não vai acontecer (…) o medo não nos vai paralisar e não vamos sair das ruas”, garantiu Maria Corina Machado, numa gravação publicada nas redes sociais.

Machado denunciou Maduro — que nos últimos dias pediu para a população deixar de usar a aplicação Whatsapp e afirmou que as redes sociais TikTok e Instagram são multiplicadores de ódio — por tentar intimidar os venezuelanos a não se comunicarem, após uma onda de protestos “contra a fraude” que provocou 13 mortos e mais de dois mil presos.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

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A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

María Corina Machado garantiu que no país “surgiu uma verdade que ninguém pode mudar: González Urrutia é o presidente eleito da Venezuela”.

“Temos de defender essa verdade e afirmar a nossa vontade imparável. Ninguém disse que isto seria fácil, mas que fique bem claro: não há volta a dar, isto é irreversível e é até ao fim”, sublinhou.

A responsável referiu que os apoiantes da alegação de fraude eleitoral – como a maior aliança anti-Chávez, a Plataforma Democrática Unida (PUD) — entraram na quinta fase de uma luta.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não publicou — como exigido por lei — as atas que certificam a vitória de Maduro, alegando que o seu sistema informático sofreu um ciberataque.

A oposição acredita que se trata de uma manobra para não revelar os verdadeiros resultados e publicou as atas de cada posto de votação.

Segundo estes documentos — cuja validade é rejeitada por Maduro —, Gonzalez Urrutia venceu a votação com 67% dos votos.