Uma questão “de princípio” e de “política externa”. São estas as razões pelas quais Luís Marques Mendes diz não compreender a “hesitação” de alguns em Portugal face a que candidato preferiam que ganhasse as eleições presidenciais norte-americanas, como expressou esta semana o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, em entrevista ao jornal Expresso.

No seu espaço de comentário semanal na SIC, Marques Mendes notou que, apesar de as eleições serem nos Estados Unidos e não num país europeu, são à mesma relevantes e devem levar a um posicionamento claro de portugueses e europeus. “Acho que haver uma hesitação nesta matéria é um erro enorme“, decretou.

“Primeiro, por uma razão de princípio: Kamala Harris respeita as regras da democracia; Donald Trump não”, disse, referindo-se ao facto de o candidato não ter aceitado a derrota nas eleições de 2020.

Mas o antigo líder social-democrata também afirmou que considera necessário assumir-se essa posição por uma questão de “política externa”. “Trump despreza a Europa, os democratas têm uma relação construtiva com a Europa”, acrescentou o comentador.

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Orçamento do Estado. Marques Mendes acredita que PS irá viabilizar e deixa avisos internos para os que alimentam “sonho cavaquista” da maioria absoluta após uma crise

Relativamente à discussão sobre a aprovação ou chumbo do Orçamento do Estado, o ex-dirigente do PSD disse ter a “convicção” de que OE deste Governo vai acabar por ser viabilizado através da abstenção do PS — ficando apenas por perceber se essa abstenção irá exigir ou não concessões por parte dos socialistas e, se sim, quais.

Mas Marques Mendes também aproveitou para deixar um aviso para dentro do próprio partido, dizendo que, apesar de apenas o Chega “manifestar interesse abertamente” num cenário de eleições antecipadas, não é o único. “Acho que há também alguns dirigentes do PSD que, embora não o dizendo em publico, no fundo o pensam”, decretou.

O objetivo, explica, seria uma réplica do “sonho cavaquista de 1987”, em que o governo minoritário de Cavaco Silva foi derrubado, o país seguiu para eleições e o líder do PSD conseguiu depois uma maioria absoluta. Mas o comentador considera que “as circunstancias não são iguais a 1987”. E deixou um aviso para dentro do seu próprio partido: “Este cenário de eleições antecipadas não é nem viável nem recomendável para o país, que precisa de estabilidade.”